20 de novembro de 2022

Sob a chuva

Há pouco tempo, não me lembro onde, li algo a respeito de submeter o corpo a algumas provações de vez em quando, com benefícios sob os mais diversos aspectos, mormente relacionados a saúde.

Nos tempos de piá, brinquei com as enxurradas. Na adolescência, enfrentei alguns temporais. Maduro, as oportunidades escassearam e agora, batendo às portas dos 57 anos, escolhi justamente uma chuva de granizo para sair à rua.



Choveu 'p'ra dedéu' no sábado a tarde (19.11.2022) e sem saber muito bem o que ia encontrar, saquei os chinelos e desci a rua de casa, margeando a sarjeta com uma quantidade indescritível de água.

Depois de duas quadras, a pracinha com um coreto. Abriguei-me e comecer a perceber que não era uma chuva habitual, pois o chão começou a ficar coberto de gelo e o som do impacto com as telhas era diferente.

Como a chuva ousasse continuar, resolvi retomar o caminho de casa. Ao invés de descer, o negócio agora era subir, duas quadra, coisa pouca.

Mas a água ocupava muito mais espaço porque o volume despejado do céu era grande.Mas, pior mesmo foi sentir a temperatura da água e achar que eu estava a beira de um ribeirãozinho europeu, tal o frio que sentia.

Era congelante, não dava para manter os pés na enxurrada, porque chegava a doer até os ossos.

Mas foi, ao mesmo tempo, libertador, não pela saúde física, propriamente dita, mas pela alegria do "poder fazer" e a partir daí, pensar em cousas poucas que, no mesmo sentido, provocam sensações semelhantes e servem para empurrar um pouquinho adiante, as fronteiras limitadoras do processo natural de envelhecimento.