Não se deixe enganar com o título. A história é bacana, vale a pena ser lida, e traz ao final um desafio para os colegas PP5. Redescubra você também, e a sua maneira, um pouco da história da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. Vejam o que descobri sobre um radioamador pracinha no livro “História Oral do Exército na Segunda Guerra Mundial” – Tomo I – Biblioteca do Exército Editora, 2001, mais abaixo.
Se você, leitor(a), é impaciente e quer logo conhecer o desafio, ajudando a enriquecer o XXII Encontro Nacional de Veteranos da FEB em Jaraguá do Sul (SC) de 13 a 15 de novembro (concomitantemente com o VI Encontro Brasileiro de Veículos Militares Antigos) vá ao final deste artigo mas, pense duas vezes, vale a pena conhecer a “alma” do desafio...
Obrigado!
Muitos de vocês vêm acompanhando o crescimento constante de nosso interesse na História da Segunda Guerra Mundial. Como muitos, fomos impactados por produções cinematográficas como “O Resgate do Soldado Ryan” e “Band of Brothers”, sem olvidar dos clássicos como “O Mais Longo dos Dias”, “Canhões de Navarone”, etc..
Depois, nos enveredamos por viagens de descoberta em 2004 e 2009, com as festividades de 60 e 65 anos, respectivamente, do Dia-D (Desembarque dos aliados na Normandia, França). Onde estava o Brasil, nisso tudo? Eram os pracinhas da FEB prestigiados em seu país, como eram os americanos, canadenses, ingleses, russos, em suas nações? Certamente não...
Por coincidência, em nosso retorno da Normandia em 2004, encontramos com três aviadores brasileiros do 1º Grupo de Aviação de Caça “Senta a Pua” no aeroporto Charles de Gaulle. Estavam lá sendo homenageados pelo governo francês (!!!!) e se entregaram, com muito gosto, a horas de conversa conosco. Não poderia ter sido melhor.
Comparecemos a diversos eventos ligados ao “Senta a Pua” entre 2004 e 2006, adquirindo os livros do Brigadeiro Moreira Lima e o magnífico documentário “Senta a Pua”. Inteiramo-nos um pouco.
Acompanhamos, aos poucos, a partida de vários veteranos brasileiros para perto do Pai Celestial. Tantas prerrogativas foram sendo denegadas e subtraídas aos velhos soldados... E ainda assim, eles estão por aí, lutando para sobreviver. Fazem parte da História do Brasil que é relegada a segundo plano ou simplesmente esquecida. Quanta alegria os que estão aqui sentem ao receber nossas visitas...
Assim, a partir do final de 2009, cresceu em nós a vontade de conhecer melhor e in locu a história real da Força Expedicionária Brasileira. Compramos alguns livros, encontramos outros documentários (“A Cobra Fumou” é genial), pesquisamos na internet. E adquirimos as passagens para a Itália visando as comemorações dos 65 anos da participação brasileira na Libertação da Itália, em abril de 2010.
Lá fomos nós. As fotos estão disponíveis em
http://picasaweb.google.com/py2nys/Montese2010#
Que experiência fantástica, acompanhar quase duas dezenas de veteranos em uma semana de intensa atividade na região de Montese, Silla, Porreta Terme, Pistoia.
Percebemos, Ana e eu, que podíamos fazer mais pela preservação e resgate desse trecho da “linha do tempo” do Brasil. Aliás, qualquer um pode! O mínimo é o máximo, se compararmos o que se faz em prol dos veteranos em outros países.
Adquirimos um Jeep 1942, em fase de restauração. Visitamos os veteranos da FEB e freqüentamos as atividades dos Tiros de Guerra de Jaboticabal e Região. Participamos do desfile de Sete de Setembro (pasmem, sem obrigação!), e exposições de veículos militares antigos. Há outras fotos no mesmo site-origem picasaweb já apontado acima.
Agora, estamos a poucos dias do XXII Encontro Nacional de Veteranos da FEB, realizado concomitantemente com o VI Encontro Brasileiro de Veículos Militares Antigos. Dias 13, 14 e 15 de novembro. Os programas podem ser consultados também na parte final deste artigo.
É aqui que começa o desafio aos PP5 !!
Antes, porém, vamos aos excertos do relato do General-de-Brigada Hélio Richard, colhido em 25 de abril de 2000, e inserido na publicação alhures mencionada, às folhas 169/186.
(...) Eu continuo engenheiro, sou engenheiro de comunicações, mas sempre gostei muito das atividades de transmissões. Prova disso, foi que consegui ser cadete telegrafista. Falarei naturalmente e com a maior fidelidade. Muito obrigado.
Na época da criação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) era instrutor da Escola Militar do Realengo.
(...) um dia nos mostraram um pedaço de papel com um rabisco do que seria um detector de minas, usado pelo Exército americano. Então nos foi pedido (...) que tentássemos descobrir, talvez fazer experimentalmente, um aparelho semelhante àquele (...). Nós éramos amadores de rádio e aquele pequeno diagrama mostrava válvulas, resistores e capacitores; alguma coisa eletrônica.
(...) seguimos viagem para New Jersey – Fort Mommouth – que era nosso destino, sede da Escola de Transmissões do Exército americano. (...) o curso que os oficiais faziam, na escola, era de nível superior de comunicações; chamado de Advanced Officers Course, do Exército americano.
Por ser mais falador, disse para o general: “Bom, podemos ser matriculados nesse curso”. E assim foi feito (...). Um de nossos companheiros entendia muito pouco a língua inglesa e padecia com as oito horas de aulas diárias, inclusive aos sábados.
(...) O curso foi, no meu entender, magnífico, tanto que quando chegamos nós nos reunimos com mais dois oficiais que tinham ido antes e procuramos fazer com que o curso da Escola de Transmissões, de Deodoro, seguisse, mais ou menos, aquela linha.
(...) Os componentes para o equipamento de rádio eram comprados no comércio, evidentemente voltados para o montador de rádio civil ou para o radioamador.
(...) alguns exercícios de tiro com o armamento que, também, havia chegado e que era, para nós, uma grande novidade. Recebemos a bazuca, a submetralhadora .45 e a carabina .30, esta última para uso dos oficiais.
(...) Convém destacar que partiu do Brasil um primeiro escalão (...) sendo que, da Companhia de Transmissões, seguiu um grupamento de três oficiais: o 1º Tenente Hervê Berlandez Pedrosa – por favor, esse nome a gente tem que lembrar sempre – notável oficial.
(...) surgiu um problema sério, que era o da comunicação Brasil-Itália. Não houvera, antes, no Brasil, nenhuma previsão da nossa parte e , como conseqüência desse erro, uma mensagem, qualquer que fosse, da FEB para o Brasil, levava quatro, cinco dias para chegar aqui. O motivo da demora era que a mensagem tinha que ser criptografada pelo Exército americano e enviada a Washington para ser remetida, via corpo diplomático, para o Brasil.
Um dia, o Marechal Mascarenhas mandou chamar o Tenente Hervê e disse-lhe para fazer algo que tornasse a comunicação mais rápida. O Tenente Hervê, diante do desafio lançado pelo Comandante da FEB, respondeu, com determinação: “Eu vou conseguir.” Desde menino ele fora radioamador e conhecia bastante de eletrônica, além de ser muito competente. Pediu autorização para entrar em contato com organizações de comunicações do Exército americano, na Itália, o que lhe foi concedido, e conseguiu chegar até o Comandante das Comunicações, tendo nessa ocasião, feito o pedido de uma estação rádio que permitisse o contato direto com o Brasil.
(...) os americanos passaram a aceitar a hipótese de cessão, diziam apenas que não possuíam uma estação que atendesse à solicitação. O Tenente Hervê ponderou que a estação com tais características, e passou a relatá-las, serviria. Era a SCR-299 (...) que depois no Brasil recebeu a designação de RAD 300.
Era uma estação fabricada nos Estados Unidos, destinada a radioamadores, mas que foi adaptada para o trabalho em campanha.
(...)
A estaçao era muito pesada e funcionava conjugada a um grupo motor-gerador. O motor era semelhante ao de um jeep montado num reboque de duas rodas. O Hervê não dispunha de uma viatura grande, do tipo GMC, aqueles caminhões de 2 ½ toneladas, para o transporte de todo o conjunto, e resolveu ficar na beira de uma estrada, à espera de que passasse algum. Uma curiosidade, comum na guerra, e que aconteceu com os americanos – mais tarde, também adotamos – era a condução de caminhões por civis italianos. O motorista italiano de um desses caminhões, que estava vazio, estranhou um pouco mas aceitou e, abandonando o longo comboio em que estava, atrelou, junto com o Hervê, o grupo motor-gerador no caminhão e puseram a estação-rádio em cima do mesmo.
(...) O Tenente Hervê conseguiu um cristal de freqüência mais elevada, mas que afetou o transmissor, que deixou de sintonizar. O nosso Tenente Hervê, como bom radioamador e técnico de rádio que era, modificou alguns elementos do transmissor e conseguiu fazê-lo funcionar, naquela freqüência mais elevada, estabelecendo a comunicação com o Rio de Janeiro. Foi desse modo que tivemos a primeira comunicação da Itália, diretamente para o Brasil.
(...) Nesse trajeto, até Livorno, nosso outro destino, fomos sobrevoados por alguns aviões de nossa esquadrilha “Senta a Pua”, que nos trouxe muita alegria quando os identificamos como aviões brasileiros. Eles foram nos cumprimentar pela nossa chegada, na Itália.
(...) não conhecíamos, entre outros equipamentos recebidos, por exemplo, o hand talk, que é um meio de comunicação maravilhoso, que se podia conduzir na mão ou a tiracolo. O homem, com esse equipamento, sentia-se apoiado porque se ligava com o comando e a tropa dele. Havia um equipamento de rádio SCR 511, muito interessante.
(...) e o sargento Assad Feres – esse nome a gente não esquece nunca – muito bom radioperador. Quando eles chegaram próximo do local onde a estação deveria operar, foram atingidos por granadas de morteiros e o Assad morreu. Morreu o Assad Feres...
(...) Outra prova desse congraçamento foi o tratamento carinhoso que passou a existir entre os operadores, chamados pelo prefixo da estação de sua unidade. Conseguimos constituir aquilo que passamos a chamar, lá na Itália, de “família das comunicações” – era transmissões, na ocasião. Havia um entendimento perfeito.
C o n c l u s ã o
Enfim, a entrevista com o General é magnífica e como vocês perceberam, menciona várias vezes o radioamadorismo e porque não dizer, a “família radioamadorística”... É com ela que desejo convidar ou convocar os radioamadores de Santa Catarina para que prestem sua homenagem ao radioamador Tenente Hervê Berlandez Pedrosa, patrocinando isoladamente ou com auxílio da LABRE-SC, a montagem de uma pequena estação no museu da FEB em Jaraguá do Sul.
Este é o desafio aos PP5 – fazer tudo sozinho, desde o contato com a organização do evento, a escolha dos dias (talvez domingo e segunda de manhã) e local, a montagem da estação, o pedido de indicativo especial (?) PP65FEB? ZZ5FEB? PT65FEB? e a escala de operadores. Elementos importantes para isso podem ser encontrados no site abaixo. Meus telefones para contato são (16) 97854218 e (16) 32033039 e em Jaraguá do Sul estarei com minha esposa e minha mãe no Hotel Mercure já na tarde de sexta-feira, se Deus quiser.
http://cultura.jaraguadosul.com.br/modules/xt_conteudo/index.php?id=553
Apêndice
Programas (1) Ex-combatentes e (2) Veículos Militares
1) Encontro do Ex-Combatentes
12/11 - Sexta-Feira
14:30 ás 22:00 - Recepção na Fundação Cultural - Av. Getúlio Vargas, 405
Local: Antiga Estação Ferroviária, Entrega do Kit do evento
Visitação ao Museu da Paz
13/11 - Sábado
09:00 - Solenidade de Abertura - Sociedade de Cultura Artística - SCAR
Momento Ecumênico
Apresentação Cultural
12:00 Almoço espaço panorâmico SCAR
14:00 Tour pelos pontos turísticos de Jaraguá (opcional)
18:30 Noite de Gala - SCAR
Cerimônia de Entrega de Comendas aos Veteranos da FEB
Apresentação da Banda 62° Batalhão de Infantaria
20:00 Jantar Temático Italiano - Espaço Panorâmico - SCAR
Apresentação Cultural - Coral do Circulo Italiano
14/11 - Domingo
09:00 Palestra a definir - Auditório SCAR
Debates: Situação das Associações da FEB e Definição do próximo Encontro Nacional 2011
Vídeo de Jaraguá, Formulação da Carta de Jaraguá, Leitura da Carta
12:00 Almoço espaço panorâmico SCAR
16:00 Visita ao Monumento da FEB em Corupá - a 10 Km do evento
17:00 Visita ao Seminário de Corupá
Café Colonial
Apresentação Cultural
15/11 - Segunda-Feira
09:00 Sessão Cívica em frente ao Monumento da FEB de Jaraguá do Sul
10:00 Desfile Militar do 62° BI de Joinville
Participação de viaturas históricas (CIA Indestrutíveis - Florianópolis) com o translado dos Veteranos da FEB - Av. Getúlio Vargas
12:00 Almoço de Confraternização e Encerramento - Restaurante do Parque Malwee
2) Encontro de Veículos
Dia 13 (sábado) :
07:30 hrs. Alvorada.
08:30 hrs. Café da Manhã do Pessoal de Dia.
09:00 hrs. Briefing na Barraca de Comando.
10:30 hrs. Recepção aos convidados; Exmo. Sr. Gen Div Adhemar da C. Machado Fº, DD cmte da 5ª RM/5ªDE; Exmo. Gen Bda Décio dos Santos Brasil, DD cmte 14ª Bda Inf Mtz e Prefeita Municipal de Jaraguá do Sul, Exma Sra.Cecília Konell.
11:00 hrs. Abertura do evento com rompimento de fita e leitura da Biografia do Exmo. Sr. Gen Ex Adhemar da Costa Machado.
11:30 hrs. Inspeção ao Parque Moto.
12:30 hrs. Almoço com os convidados no Rancho Sgt. Pedro Krinski*.
13:45 hrs. Abertura do Parque Moto à visitação pública
Tarde Livre
18:30 hrs. Encerramento das atividades do dia.
Dia 14 (domingo) :
07:30 hrs. Alvorada.
08:30 hrs Café da Manhã do Pessoal de Dia.
09:00 hrs. Abertura do Parque Moto à visitação pública.
12:00 hrs. Rancho do Comando e Pessoal de Dia.
16:00 hrs. Reunião do Comando da ABPVM.
18:30 hrs. Encerramento das atividades do dia.
20:00 hrs. Congraçamento Interno.
Dia 15 (segunda feira)
07:00 hrs. Alvorada
07:30 hrs. Café da Manhã do Pessoal de Dia;
08:00 hrs. Abertura do Parque à visitação pública.
08:30 hrs. Composição do módulo para participar do Desfile ANVFEB.
10:00.hrs. Desfile pelas ruas da cidade. Vtrs que retornam assumem na Ordem de Retração para Curitiba e Florianópolis.
12:00 hrs. Arriamento do Pavilhão Nacional e Encerramento do Encontro.
12 15 hrs. Rancho do Comando, convidados e Pessoal de Dia.
14:30 hrs. Inicio da desmobilização.
* - Santoangelense morto em ação a 24 de Setembro de 1944, em Camaiore
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