23 de dezembro de 2021

Ah, o tempo...

 

Velhice, por que não? – Lya Luft

Para Vovó a beleza foi um tormento, porque o tempo não se detinha e desde moça seu maior pavor era perder aquele bem supremo. Olhava-se nos espelhos procurando uma primeira ruga, uma primeira dobra. Uma primeira manchinha. Quando chegou aos 60 anos quase morreu de dor, andava pela casa gritando: – Eu odeio fazer 60 anos! Eu não aguento fazer 60 anos!

Não adiantava as pessoas dizerem que parecia nem ter 40, tão conservada.

Argumentavam com ela: – Tente imaginar que você está conquistando a maturidade em vez de perder a juventude; e que um dia vai ganhar a velhice em vez de perder a maturidade. Não é muito mais natural pensar assim? Mas Vovó não aceitava, para ela o natural não era natural: – Eu odeio pensar que estou ficando velha. Não aceito, não aceito, pronto.

As primeiras cirurgias leves tinham-lhe feito bem: removeram um traço amargo, um sinal de cansaço prematuro. Depois seu médico lhe disse: – Vamos deixar a natureza agir um pouco e o corpo descansar. Não abuse.

Ela então foi procurar outros médicos, que faziam suas vontades.

Desafiando o indesafiável e excedendo seus limites, foi entrando no irreal. Mas as ilusões não continham mais o tempo, e o costurado voltava a descoser. Minha Avó foi-se isolando. Apartou-se das amizades, deixou as festas, não gostava mais de ninguém. Começou a delirar reclamando que todo mundo a apontava nas ruas, nas lojas, nos restaurantes: Lá vai aquela velha. Cada vez mais difícil de lidar e conviver, exigia o que ninguém podia lhe dar: o tempo congelado. Aos poucos foi sendo devorada por dentro também. O rosto de minha Avó, de tanto ser remendado, foi-se tornando outro. Mudou o olho, mudou o nariz, mudou o queixo, mudou até a orelha. No fim nada mais nela era dela. (O ponto cego, 1999)

Se quisermos congelar o tempo e nos encerrarmos nesse casulo, estaremos liquidados antes mesmo que a juventude acabe. Seremos a nossa ficção. A realidade continuará à nossa volta, e um dia vamos descobrir que estamos fora dela. Para alguns essa será a crise salvadora. Acabou a invenção de um “nós” fantasmal. Se ainda quisermos viver, não vegetar na prateleira da nossa fantasia, teremos de encontrar nessa aflição o que restou de nossa personalidade. Pois ela é quem vai nos dar consistência e capacidade de crescer até o último raio de lucidez. Assim se pode ter controle, não sobre o tempo, mas sobre o quanto ele vai nos favorecer ou aniquilar. Para entender que maturidade e velhice não são decadência mas transformação, temos de ser preparados para isso. Dispostos a encarar a existência como um todo, com diversos estágios, variadas formas de beleza e até de felicidade. Acreditar que com cuidado e sorte poderemos ser atuantes mesmo décadas depois: isso tem de ser conquistado palmo a palmo. Porém já na infância nos preveniam de que logo adiante algo de mau nos esperava: “Quando tiver a minha idade, você vai ver”, diziam mães, tias, avós. “Aproveite agora que é criança, quando crescer acaba a festa!”, aconselhavam com laivos de despeito. “Estou muito velha pra essas coisas”, protestavam na hora de se divertir ou alegrar. Existir no tempo nos foi mostrado como uma corrida infausta: cada dia uma perda, cada ano um atraso. Quem não teve seus momentos de querer nunca crescer para não enfrentar aquelas vagas ameaças? Sendo contraditórios – por isso interessantes -, não é estranho que na época em que mais vivemos se fuja tanto disso que se convencionou chamar velhice. E por imaginarmos que nossas últimas décadas são apenas decadência, reforçamos o tabu que reveste essa palavra. Palavras significam emoções e conceitos, portanto preconceitos. Por isso quero falar de minha implicância com a implicância que temos com os vocábulos – e a realidade – velho, velhice.

Detestamos ou tememos a velhice pela sua marca de incapacidade e isolamento. É algo a ser evitado como uma doença. Não deixa de ser tolo encarar o tempo como um conjunto de gavetas compartimentadas nas quais somos jovens, maduros ou velhos – porém só em uma delas, a da juventude, com direito a alegrias e realizações. Pois a possibilidade de ter saúde, projetos e ternura até os 90 anos é real, dentro das limitações de cada período. Quando não pudermos mais realizar negócios, viajar a países distantes ou dar caminhadas, poderemos ainda ler, ouvir música, olhar a natureza; exercer afetos, agregar pessoas, observar a humanidade que nos cerca, eventualmente lhe dar abrigo e colo. Para isso não é necessário ser jovem, belo (significando carnes firmes e pele de seda… ) ou ágil, mas ainda lúcido. Ter adquirido uma relativa sabedoria e um sensato otimismo – coisas que podem melhorar com o correr dos anos. Mas predomina a ideia de que a velhice é uma sentença da qual se deve fugir a qualquer custo – até mesmo nos mutilando ou escondendo.

No espírito de manada que nos caracteriza, adotamos essa hipótese sem muita discussão, ainda que seja em nosso desfavor. Isso se manifesta até na pressa com que acrescentamos, como desculpa: “Sim, você está, eu estou, velho aos 80 anos, mas… jovem de espírito.” Porque ser jovem de espírito seria melhor do que ter um espírito maduro ou velho? Ter mais sabedoria, mais serenidade, mais elegância diante de fatos que na juventude nos fariam arrancar os cabelos de aflição, não me parece totalmente indesejável.

Vou detestar se, ficando velha, alguém quiser me elogiar dizendo que tenho espírito jovem. Acho o espírito maduro bem mais interessante do que o jovem. Mais sereno, mais misterioso, mais sedutor. Assim como não gostei quando certa vez pensando me agradar um crítico escreveu que embora sendo mulher eu escrevia com mão de homem”.

A literatura feita por uma mulher não precisa se socorrer desse aval “mas ela escreve como um homem” para ser boa. Visitei uma artista plástica de quase 90 anos que pinta telas de uns vermelhos palpitantes. E eu lhe disse: “Seus quadros celebram a vida.” Ela respondeu junto do meu ouvido, brilho nos olhos: “Eu os crio para mim mesma, para me divertir.” Seu rosto enrugado e seu corpo já encurvado emanavam uma alegria de viver que me causou a mais confessável das invejas. Por um instante desejei ter chegado, enfim, ao mesmo patamar – onde muitas coisas pelas quais hoje luto e sofro fossem uma celebração tranquila. Uma mulher de 60 anos me pegou pelo braço, me levou para o canto, e sussurrava: “Por que decretaram que mulheres da nossa idade estão acabadas?”, e tinha lágrimas nos olhos. “Não sei”, eu disse, “mas nem você nem eu estamos acabadas, tenha certeza disso. Mudou meu corpo mas eu ainda sou a mesma.” Minha interlocutora era uma bela mulher com filhos independentes e boas amizades. O buraco em sua alma era o da autoestima, porque uma sociedade tola não lhe dava o direito de sentir-se plena, e impunha mesmo à sua mente ativa e capaz o conceito de que agora valia bem menos do que aos 40 anos. E a cada ano, a cada dia, valeria ainda menos. “Eu daria tudo, mas tudinho, por ter a cabeça de agora… no corpo dos meus 30 anos!”, ouvimos.

Trato bem ao meu corpo, esse grande gato”, escreveu uma poeta com essa sensatez dos artistas e das pessoas simples. “Afinal até aqui ele me serviu, e cada dia gosto mais dele, do jeito que está ficando.” Gostar de seu velho corpo com sua necessidade de cuidados e de amor, de mais treinamento para que funcione direito, de paciência porque nem sempre é como lembro que foi um dia, é uma forma de felicidade que a experiência pode ensinar.

Há poucas décadas alteraram-se nossos prazos, e os conceitos sobre juventude, maturidade e velhice. Passamos a viver mais. Nem sempre passamos a viver melhor. Esse me parece um dos mais extraordinários desperdícios da nossa época. Minhas avós, muito mais jovens do que sou agora, me pareciam – e deviam se sentir – velhas: lentas e vagamente reumáticas, roupa escura, cabelo grisalho, óculos na ponta do nariz, fazendo doces ou tricô. Verdade que minhas avós eram vistas seguidamente com livro na mão – lia-se muito na minha casa. Mesmo assim, para nós crianças eram velhas damas.

Inimaginável que tivessem sido meninas e jovens mulheres. “Vovó transou alguma vez, pelo menos para ter o papai e a titia”, era uma ideia escatológica. Pai e mãe tendo vida amorosa na remota era em que se casaram já nos parecia estranho. Hoje as avós dirigem seu carro, viajam, jantam fora com amigas, namoram, usam computador, e de modo geral parecem muito mais felizes do que as damas de antigamente. Mas, ambíguos como somos, por outro lado mais que nunca viceja o repúdio à velhice. Lembro uma propaganda de televisão mostrando uma mulher idosa de xale nos ombros, rosto murcho e desolado, vagando por um corredor. Abria portas e contemplava os quartos vazios onde sua fantasia fazia ecoar a voz dos filhos, do marido. Era a imagem da pobre velha abandonada que perdeu tudo – porque perdeu a juventude. Não vejo por que em lugar desse sinistro teatro da velhice não se poderia transformar um quarto de filho em salinha de televisão, em ateliê para pintar ou fazer cerâmica, em quarto de hóspedes para convidar alguma amiga a passar o fim de semana… em quarto para os netos. Por que, se um aposento não tem mais utilidade direta, não terei mais direito a ele?

Mesmo que minha casa não esteja movimentada como anos atrás, por que devo me transferir para algum espaço menor – a não ser que eu realmente queira, e decida assim por ser mais prático, mais razoável? Jamais por achar que não preciso, ou pior: não mereço, nem adiantaria mais. Somos seres humanos completos em qualquer fase, na completude daquela fase.

Custa-nos acreditar nisso na velhice, como na adolescência era difícil termos confiança em nós e nossas escolhas quanto ao futuro.

Com direito e dever de procurar interesses e revisar outros, ter alegrias e prazeres, sejam eles quais forem. Posso na velhice não ser um atleta na cama nem mesmo ter atração pela vida sexual, mas sou capaz de exercitar minha alegria com amigos, minha ternura com família, meu prazer em caminhadas, em jardinagem, em leitura, em contemplação da arte. Porém, numa sociedade em que sucesso e felicidade se reduzem a dinheiro, aparência e sexo, se somos maduros ou velhos estamos descartados. Cada dia será o dia do desencanto. Em lugar de viver estaremos sendo consumidos. Em vez de conquistar estaremos sendo, literalmente, devorados pelos nossos fantasmas – na medida em que permitirmos isso. Essa é a nossa possibilidade, a nossa grandeza ou a nossa derrota: viver com naturalidade – ou experimentar como um súbito castigo dos deuses – os novos 70 ou 80 anos. Algumas pessoas parecem tombar subitamente da juventude impensada para a velhice ressentida.

Foram apanhados desprevenidos. Nunca tinham pensado. Estavam desatentos.

Triste maneira de percorrer isso que é afinal o milagre da existência.

Imaginamos enganar a máquina do tempo, e suas engrenagens nos atropelaram em lugar de nos impulsionar. Para quem só pensa nos desencantos da maturidade, eu falo no encanto da maturidade. Para quem só sabe da resignação da velhice, eu lembro a possível sabedoria da velhice. É preciso seguir em frente com o meu tempo. Mas qual é, onde está, em que lugar ficou… o meu tempo? Nossos ouvidos estão cheios de refrões, como: “meu tempo já passou”, “eu não devo”, “onde já se viu”…

Perder nos deixa vulneráveis, com medo de que isso se repita. De que o amado nos esqueça, de que o outro morra, de que a graça se apague, a festa acabe. Não queremos essa repetição, não queremos mais perder nada – preferimos nem ganhar coisa alguma. Mas se escutarmos bem nosso interior, ali está a voz persistente dos momentos alegres e das belas experiências dizendo-nos que viver ainda é possível. Faz uns pequenos sinais discretos, que até demoramos a entender. Uma de minhas mais queridas amigas tem quase 90 anos, e espero pelo fim de semana para tomar com ela, em sua casa aconchegante, o uísque dos fins de tarde de domingo. Sempre temos assunto. Ela sabe de tudo, é informada, é interessada. Não fala preferencialmente de sua saúde, que já não é a de dez anos atrás. Comenta coisas de jornal, política, música. Pergunta pelos amigos. Já não vai ao cinema, mas, como é grande leitora, há mil assuntos para se falar. Ela gosta de rir e nos divertimos muito.

Pensando nela e em outras pessoas assim, questiono se ter 80 anos ou mais será realmente uma condenação ou se pode ser o coroamento de uma vida. Verdade que para haver um “coroamento” é preciso uma estrutura razoável para ser “coroada”. Generosa, de conquistas, de perdas mas igualmente de elaboração e acúmulo. Vivida com gosto e dor, com afetos bons e outros menos bons. O prato luminoso do positivo mais pesado do que o das coisas escuras.

E da juventude, o que você diz?”, me indagam. Não preciso falar tanto dela porque é cantada e louvada em todos os meios de comunicação, em todos os salões, em todos os quartos. E la é deslumbramento e aflição, crescimento e inépcia, angústia e êxtase como todos os nossos estágios – apenas tudo ali está condensado em intensidade e brilho. Mas não acho que só ela vale a pena, só ela nos avaliza. Como não defendo a ideia de que a maturidade e a velhice sejam melhores. São diferentes. Com seus lados bons e ruins. Idade não dá aval de bondade e graça. O velho sempre bonzinho é um mito, a velhinha doce pode ser comum nos livros de história, mas na realidade é muito diferente.

Eventualmente o velho pode ser um algoz, exercendo sobre a família a famosa tirania do mais fraco, do doente, da criança mimada. Algumas pessoas, envelhecendo, se tornam insuportavelmente exigentes, lamuriosas, difíceis de conviver. Apegadas a um passado com bens, presenças, aparência e atividades que não podem mais ter, não se conformam. Nem sempre o velho fica isolado porque os filhos são ingratos. Muitas vezes ele é que afasta os demais, com sua permanente crítica a tudo e a todos, suas exigências de atenções nem sempre possíveis. Na reduzida família nuclear de agora, em que em geral marido e mulher trabalham, os filhos são poucos, uma empregada custa caro – a assistência ao velho torna-se difícil se ele for dependente.

Boas clínicas são raras e dispendiosas. Grave problema para todos. Cada família o resolverá como puder, em geral com sacrifício financeiro e ônus emocional. “O problema dos velhos é que lhes falta o que fazer, faltam interesses”, a gente diz, como se fosse uma inevitabilidade. Não é inevitável. Por que o velho não pode ter a sua vontade enquanto for independente, enquanto tiver lucidez – maior de todos os bens desde que não signifique apenas lucidez da dor física?

Na idade avançada os interesses não precisam ou não podem ser os de antes: atividade, trabalho, dinheiro, viagens, conquistas. A certa altura mudam as possibilidades mas não se anula a pessoa. O bem-estar e a alegria residem nas coisas mais triviais: esse é um dos aprendizados que o tempo nos dá. Por isso mesmo, a essa altura é mais simples ser feliz. Novos afetos são possíveis em qualquer idade: sempre se podem estabelecer novos laços com pessoas, coisas, lugares, interesses. Nem mesmo amor, ternura e sensualidade são privilégio dos moços. Mas muitas vezes não lhes permitem, aos velhos, a mínima independência, ainda que ela seja totalmente viável: “Que ideia, mãe, sair à rua sozinha!”

Papai, você está doido, morar sozinho? Viajar sozinho, ir sozinho ao restaurante? Na sua idade… ” Essa é a sentença condenatória: na sua idade, na minha idade. Não perdemos (alegria, saúde, amores): nós os roubamos de nós mesmos. E nos boicotamos adotando frases comuns, como essas: “Estou velha, minhas mãos ficaram feias, não vou usar mais meus anéis.” “Para que comprar um terno novo, se estou velho? Quantas vezes ainda o vou usar?” “Para que comprar vestido novo, para que pintar a casa, para que reformar o sofá, se estou velho?” Então está decretado que os velhos usam calças largas demais, sapatos cambaios, cabelo descuidado, e sentam no sofá puído. Seria bom perguntar em que medida eles mesmos dão força aos rótulos sobre sua idade, adequando-se a esse clichê, ainda que lhes custe muito. Ainda que tivessem outra opção. O tempo tem de ser sempre o meu tempo, para realizar qualquer coisa positiva e plausível – ainda que seja mudar de lugar a cadeira (até a de rodas) e ver melhor a chuva que cai. Uma velha senhora mora sozinha mas curte as amizades, a família, livros e músicas, a natureza. De vez em quando abre uma garrafa de champanha e faz um brinde, sozinha (não chorosa): a coisas boas que teve, coisas boas que tem, e uma ou outra que ainda pretende viver. Um dia lhe manifestei minha admiração por isso. Com um sorriso entre tímido e divertido ela respondeu que sempre havia o que celebrar. Era um privilégio estar viva tendo consciência disso, e sem graves problemas de saúde. Poder apreciar a luz da manhã, o aroma da comida, o perfume das pessoas. Comunicar-se, saber das notícias, que podiam ir do esporte à música, à política, ao… o que eu quiser. Participar ainda. Me enterneceu essa visão positiva de uma mulher ficando velha. Sua idade não era o ponto de estagnação, mas de fazer tranquilamente coisas que antes não podia. Não tinha mais de cumprir tantos deveres nem realizar tantas expectativas.

Acho que as pessoas são mais condescendentes comigo”, ela disse com um sorrisinho malicioso. “Devem pensar “ela está velhinha, coitada” e assim eu posso finalmente respirar fundo, e ser mais… natural.” Certa vez li uma história mais ou menos assim: Uma jovem corria para ficar em forma. Passou por uma velhinha que cuidava de seu jardim na frente da casa, e gritou ao passar:

Vovó, se eu fosse magra como você, não precisaria ficar aqui correndo desse jeito! A velhinha a fez parar com um sinal, aproximou-se dela, e lhe disse sorrindo: – Filha, quando a gente fica velha como eu, tudo é mais fácil. A gente pode até se aposentar e gostar de cuidar das rosas.

Mas se sonharmos apenas com a viagem à Lua, cuidar das rosas pode parecer tedioso demais, e não cultivaremos coisa alguma. A vida é sempre a nossa vida, aos 12 anos, aos 30 anos, aos 70. Dela podemos fazer alguma coisa mesmo quando nos dizem que não. Dentro dos limites, do possível, do sensato (até alguma vez do insensato), podemos. Só seremos nada se acharmos que merecemos menos de tudo que ainda é possível obter.

Lya Luft, no livro “Perdas e ganhos”. Rio de Janeiro: Record, 2006


Encontrei o texto nas redes sociais e julguei interessante para qualquer ser vivente... (Dez 2021). Poucos dias depois desta publicação, aqui no Blog, Lya Luft faleceu.

18 de outubro de 2021

Da mãe para o tio

E olha que o tio, nonagenário, é o antigo PY2SIZ (licença radioamadorística), ex-pastor presbiteriano, médico de escol em Ribeirão Preto, que passou alguns dias no hospital e tem dificuldades para ouvir, mas se diverte as pampas com o tablet e os e-mails.

Compromisso de irmã caçula, mamãe vai escrevendo de quando em vez, para animar as tarde de David Aidar. Dos nove irmãos, quatro seguem a toada da vida enquanto os outros dividem mesa com meus avós maternos Catharina e Amin no refeitório celestial, em dinastia que começou por vias oblíquas em Bremen na Alemanha e Baskenta no Líbano, ali entre 1890 e 1910.

Vai lá. E se gostar, deixe seu abraço para David e Moema nos comentários.


daí dá uma preguiça danada

lembrei-me da bíblia porque ela está no meu sangue

sangue de quem frequentou a presbiteriana

e teve aulas com a professora dulce pacheco

na escola dominical

lembra-se da história da visita de jesus à Marta e Maria?

lá vai um versinho sobre isso


MARTA E MARIA

... a maldosa bonita tinha no coração

... um canteiro de malícia

... e colheu felicidade

... pobre bondosa feia

... colheu uma dentadura

... e um caixão branco...

FIM


a bíblia é sempre conflituosa

estou sempre com você meu irmão querido

beijo da caçula que assina embaixo

moema

13 de setembro de 2021

2021 Work All Europe SSB

 2021 Work All Europe SSB (Voice) Contest

Single Op. All Bands - Low Power.


September 11 & 12 (Setembro) - 2021

Radiocompetição em fonia, promovida pelo Clube de Radioamadores da Alemanha (DARC), onde o mundo contata a Europa, e os diferentes países europeus servem como multiplicadores (CT, I, PA...). Máximo de 36 horas dentro das 48 horas habituais.

Contest organizated by DARC Deutschland Amateur Radio Club, where world talks with Europe, and different european countries will be multipliers. Maximum of 36 hours.


A história dos QTC’s / Story

Participantes podem enviar “Mensagens” para estações européias, consistindo (por exemplo) nos dez últimos contatos. Se a contraparte copia tudo, são dez pontos a mais.

Participants can send “Messages/QTC” to European stations, consisting (for example) of the last ten contacts. If the counterpart copies everything, that's ten points more.

Em voz é legal - passei QTC’s em inglês, português, italiano e espanhol.

QTC’s by voice is cool, I sent some in English, Portuguese, Italian and Spanish.


Em 2020, minha presença, my presence:

534 QSO’s (contacts), 227 Mults, 236.000 points, Nr. 2 Brasil, Nr. 2 South America, Nr. 11 World.


Em 2021, preliminar(y):

422 QSO’s, 183 Mults, 151.000 points. - bad time!



11 Set / First 24 hours - 221 Q’s

12 Set / Last 24 hours - 196 Q’s


Declínio de 26% em relação a 2020, com bem menos multiplicadores (26% a menos).

26% less than 2020, with 26% less multipliers.

Finalizei 20 minutos antes.

Finish 20 minutes before the end.

Novo desafio, ruído elétrico de alta intensidade, permanente, durante todo o dia.

New challenge, QRN high level, 24 x 7.


Visual - bands use:



Off Times >= 30 Minutes, Sept 2021:

11: 0000Z - 11: 0010Z     00:11  (11 mins)

11: 0223Z - 11: 0913Z     06:51  (411 mins)

11: 1118Z - 11: 1211Z     00:54  (54 mins)

11: 1213Z - 11: 1244Z     00:32  (32 mins)

11: 1320Z - 11: 1403Z     00:44  (44 mins)

11: 1441Z - 11: 1516Z     00:36  (36 mins)

11: 1541Z - 11: 1620Z     00:40  (40 mins)

11: 1623Z - 11: 1912Z     02:50  (170 mins)

11: 2129Z - 11: 2202Z     00:34  (34 mins)

11: 2213Z - 12: 0909Z     10:57  (657 mins)

12: 1150Z - 12: 1425Z     02:36  (156 mins)

12: 1519Z - 12: 1631Z     01:13  (73 mins)

12: 1647Z - 12: 1804Z     01:18  (78 mins)

12: 2240Z - 12: 2340Z     01:01  (61 mins)

12: 2342Z - 12: 2359Z     00:17  (17 mins)

Total OFF 31h14min  (1874 mins)

Total ON 16h46min  (1006 mins)


PY2NY Max Rates, Sept 2021:

11: 1116Z - 7,0 /min (1 minute), 420 /hour  

12: 1100Z - 3,3 /min (10 minutes), 198 /hour

12: 2018Z - 2,1 /min (60 minutes), 126 /hour


PY2NY Runs >10 QSOs, Sept 2021:

11: 0026 - 0148Z,    7099 kHz, 40 Qs, 29,2/hour 

11: 0914 - 0945Z,   14208 kHz, 61 Qs, 116,4/hour 

11: 0951 - 0953Z,   14207 kHz, 11 Qs, 311,8/hour 

11: 0955 - 1008Z,   14208 kHz, 16 Qs, 71,4/hour 

11: 1012 - 1015Z,   21255 kHz, 11 Qs, 194,1/hour 

11: 1018 - 1622Z,   21240 kHz, 147 Qs, 24,2/hour 

11: 1913 - 1938Z,   28471 kHz, 26 Qs, 62,0/hour 

11: 1945 - 2036Z,   14202 kHz, 36 Qs, 42,5/hour 

11: 2047 - 2049Z,   14196 kHz, 11 Qs, 309,4/hour 

11: 2052 - 2104Z,   14204 kHz, 17 Qs, 82,7/hour 

11: 2109 - 2110Z,   14254 kHz, 11 Qs, 425,8/hour 

11: 2113 - 2115Z,   14166 kHz, 11 Qs, 302,3/hour 

11: 2120 - 2122Z,   14285 kHz, 11 Qs, 302,3/hour 

12: 0910 - 1000Z,   14203 kHz, 30 Qs, 36,1/hour 

12: 1004 - 1113Z,   21233 kHz, 119 Qs, 103,7/hour 

12: 1131 - 1149Z,   21233 kHz, 13 Qs, 43,1/hour 

12: 1426 - 1500Z,   21235 kHz, 38 Qs, 67,3/hour 

12: 1632 - 1646Z,   21265 kHz, 16 Qs, 66,0/hour 

12: 1805 - 1835Z,   21235 kHz, 20 Qs, 39,4/hour 

12: 1851 - 1949Z,   14189 kHz, 80 Qs, 83,5/hour 

12: 1952 - 2030Z,   14189 kHz, 67 Qs, 104,8/hour 


Informação Técnica / Tech Info

- Single Op, All Bands - Low Power.

- Yaesu FT 1000 MP - MKV Field.

- Ant. KLM KT34XA triband yagi, 22m high, 10-15-20m; CushCraft 40-2CD 2el yagi to 40m, 25m high.

- Software N1MM+ and app DXMaps, PSKreporter (online propagation).

- Controller Microham MK2R+, Micro Band Decoders.

- Vinhos, Wine: Rosé Prosecco Garibaldi (Rio Grande do Sul).


8 de setembro de 2021

Sutor, ne supra crepidam

A manifestação abaixo faz parte da moral em catarse, num país sob domínio da ignorância e do fim da política tal qual se define pelos livros. Elaborei em grupo de WhatsApp que reunia reencenadores da Segunda Guerra numa cidade do interior catarinense, mas poderia ter sido na Paraíba ou Tocantins.

Infelizmente, foi opção da maioria dos reencenadores levar os símbolos da FEB para a rua numa data cuja importância nos foi emocionalmente roubada pela canhestrice que domina o país na figura totalitária de seu mandatário maior.

Enfim, segue o dito.


Triste demais o que aconteceu ao redor do Brasil com a usurpação dos sinais e história da FEB e da tradição de seus homens e mulheres, que perderam, por se encontrarem em outra esfera, a possibilidade de opinar e foram jogados à vala comum do novo totalitarismo.

Afastamos, aos poucos, as pessoas que querem conhecer a história de maneira imparcial, ou pior, gente que quer divulgar a história da FEB de maneira o mais isenta possível.

Aqui, em espaço tão reservado e perplexo pela proximidade de tantos com algo (ou alguém) que representa tudo aquilo que os pracinhas combateram, resta-me concordar com XXXX, lembrando aos senhores e senhoras que não me defino politicamente, não voto há um quarto de século, e vejo apenas piores dias pela frente, politicamente e educacionalmente.

Meu vôo rasante por aqui é para lastimar a apropriação indébita da bandeira nacional e de símbolos como a cobra fumante pelo Brasil todo, relacionando-os a gente que manda usar máscara no rabo, usa "FDP" como se fosse um olá habitual, e prefere o "f0d@-se" no lugar de "obrigado, por favor, como vai"...

O Comandante-Maior, lá do Bivaque Eterno, onde estão Marino, Rui, Lansilotte e tantos outros, parece ter feito tudo certinho comigo e Ana, deu-nos o tempo certo para conviver com grandes heróis octo e nonagenários, amealhar algumas peças históricas e veículos de época em ambiente de liberdade cultural e social, finalizar a "Garagem WW2" e aproveitar o 7 Setembro entre 2010 e 2019 com a companhia de um excepcional "Band of Brothers of Simcity".

Mas doravante será difícil perder três horas explicando o porquê dos uniformes em Jeeps e Dodges de 1942, nos Encontros diversos, sob bombardeio dos incultos berrando "Viva Bolsonaro", isso se não formos perigosamente confundidos nas estradas e atacados por pessoas que não compartilham de sua visão medieval.

Ou seja, o resultado final foi de perda-perda. Ao menos aqui, só perdemos... Perdemos 10 anos de trabalho razoavelmente isento, de moderação com gente das extremas-extremas, de parcimônia e discrição...

Mas não vamos abandonar os veteranos, no Acampamento Celestial ou aqui embaixo. Quem sabe no 08 de Maio não possamos nos trancar aqui no galpão, com brigadeiros, vinho espumante, Glenn Miller, esquecer a existência de gente tacanha e simplesmente dançar e celebrar o Dia da Vitória.

E sim, fizemos como XXXX falou, mesmo sem termos conversado. Sete da manhã, um vaso de flores laranjas, enfeitado com fitas nas quatro cores nacionais, sem Jeep, sem uniformes, sem sinais - colocado respeitosamente no Monumento ao pé da Árvore do Expedicionário. 

Que a paz esteja com todos vocês e perdão por aparecer uma vez por década, e ainda por cima, com textão de gente velha.

Abraços FEB_ianos e até o Dia da Vitória. Será proibido falar de política.



Depois de tudo, infringi punição a mim mesmo, excluindo-me do grupo para evitar problemas a todos, por serem pessoas do bem.

Dizia-se na Grécia Antiga - "sutor, ne supra crepidam" ou em bom português "sapateiro, não vás além da chinela". Como aqui sempre foi reino de paz, minha manifestação extrapolou a chinela e bem por isso julgo melhor determinar auto-exílio por algum tempo. 

A medida em que nosso projeto conjunto de 08 de maio avançar (vocês são indispensáveis) falaremos por e-mail. Todos têm meu contato e vamos trocando idéias.

Abraços e o pedido sincero de desculpas, já batendo em retirada como penitência auto imposta.

19 de agosto de 2021

Adeus Sete de Setembro

Fiz o desfile cívico quando estava no prézinho, depois na escola, fiz no ginásio e mesmo no colégio, repeti a dose enquanto escoteiro, representei radioamadores, depois conduzi veteranos da Segunda Guerra e fizemos da festa, uma festa de verdade, na garagem de casa.

Foi a construção natural, tranquila e pacífica de uma convivência sadia com o conceito mais puro e filosófico de patriotismo, ora conspurcado pela administração mais canhestra que este país já teve.

De repente, por causa do Tosco, só se vê perdigotos da ira ultra-hiper-reaça-conservadora e antidemocrática, causando espécie que as pessoas minimamente instruídas ainda aceitem o discurso pertinente.

Maculou-se o desfile com obliteração definitiva do sentimento patriótico pela mera patriotada amparada em atos, gestos e palavras impróprias.

É de doer o coração ver tanta gente bacana se dobrando a bordões do tipo "minha bandeira nunca será vermelha", como se isso fosse sequer, minimamente possível.

Cansei dos palavrões, da tensão permanente, da força sobre a inteligência, da arma sobre a vacina, do general decente sob o capitão praticamente expulso, dos absurdos ditos de manhã e repetidos a tarde e a noite...

Vou escondidinho até a Árvore do Expedicionário, bem cedo. Deixarei ali um vaso bonito com flores e a minha homenagem singela pela Independência, e os 'pracinhas' de lá e de cá certamente entenderão.

A ciência vencerá, sempre. Espero que a Filosofia ganhe também, algum dia. E que a democracia sobreviva.

Amém

Texto de sopetão, saiu, fluiu, vapt-vupt.

16 de agosto de 2021

2021 Work All Europe CW


2021 Work All Europe CW (Telegraphy) Contest

Single Op. All Bands - Low Power.


August 14 & 15 (Agosto) - 2021

Radiocompetição em telegrafia, promovida pelo Clube de Radioamadores da Alemanha (DARC), onde o mundo contata a Europa, e os diferentes países europeus servem como multiplicadores (CT, I, PA...). Máximo de 36 horas dentro das 48 horas habituais.

Contest organizated by DARC Deutschland Amateur Radio Club, where world talks with Europe, and different european countries will be multipliers. Maximum of 36 hours.


A história dos QTC’s / Story

Participantes podem enviar “Mensagens” para estações européias, consistindo (por exemplo) nos dez últimos contatos. Se a contraparte copia tudo, são dez pontos a mais.

Participants can send “Messages/QTC” to European stations, consisting (for example) of the last ten contacts. If the counterpart copies everything, that's ten points more.

Neste ano, DJ5MW e EF1A foram os melhores “copiadores” de PY2NY.

This year, DJ5MW and EF1A were the best PY2NY “copiers”.



Em 2020, minha presença, my presence:

682 QSO’s (contacts), 306 Mults, 422.000 points, Nr.1 Brasil, Nr.2 South America, Nr. 20 World.


Em 2021, preliminar(y):

670 QSO’s, 232 Mults, 298.000 points.


14 Ago / First 24 hours - 377 Q’s

15 Ago / Last 24 hours - 293 Q’s


Declínio de 30% em relação a 2020, com bem menos multiplicadores.

30% less than 2020, with less multipliers.

Finalizei 20 minutos antes.

Finish 20 minutes before the end.

Menor velocidade de transmissão desta vez, na casa de 32 a 34 ppm.

Less speed at CW transmission this time, around 32-34 wpm.



Visual - bands use:



Off Times >= 30 Minutes (Aug 2021):

14: 0000Z - 14: 0003Z     00:04  (4 mins)   (Start late)

14: 0027Z - 14: 0058Z     00:32  (32 mins)

14: 0100Z - 14: 0924Z     08:25  (505 mins)

14: 1045Z - 14: 1118Z     00:34  (34 mins)

14: 1227Z - 14: 1357Z     01:31  (91 mins)

14: 1447Z - 14: 1534Z     00:48  (48 mins)

14: 1638Z - 14: 1734Z     00:57  (57 mins)

14: 2311Z - 15: 0917Z     10:07  (607 mins)

15: 1204Z - 15: 1245Z     00:42  (42 mins)

15: 1427Z - 15: 1519Z     00:53  (53 mins)

15: 1526Z - 15: 1804Z     02:39  (159 mins)

15: 2335Z - 15: 2359Z     00:24  (24 mins)   (End early)

Total OFF 27h36min  (1656 mins)

Total ON 20h24min  (1224 mins)


PY2NY Max Rates, 14 Aug 2021:

1206Z - 6,0 /min  (1 minute), 360 /hour

1830Z - 3,7 /min  (10 minutes), 222 /hour

1920Z - 2,5 /min  (60 minutes), 149 /hour


PY2NY Runs >10 QSOs, Aug 2021:

14: 0004 - 0059Z,    7031 kHz, 15 Qs, 16,3 /hour

14: 0925 - 1015Z,   14025 kHz, 17 Qs, 20,3 /hour

14: 1030 - 1044Z,   14034 kHz, 30 Qs, 131,4 /hour

14: 1119 - 1555Z,   21036 kHz, 130 Qs, 28,2 /hour

14: 1559 - 1637Z,   28020 kHz, 39 Qs, 60,7 /hour

14: 1735 - 1758Z,   21036 kHz, 35 Qs, 89,7 /hour

14: 1814 - 2046Z,   14038 kHz, 302 Qs, 119,8 /hour

14: 2048 - 2231Z,    7040 kHz, 122 Qs, 70,9 /hour

14: 2240 - 2245Z,   14043 kHz, 14 Qs, 159,5 /hour

14: 2250 - 2310Z,    7031 kHz, 31 Qs, 92,7 /hour

15: 0918 - 1044Z,   14036 kHz, 109 Qs, 76,2 /hour

15: 1106 - 1525Z,   21033 kHz, 92 Qs, 21,3 /hour

15: 1805 - 2106Z,   14031 kHz, 290 Qs, 96,1 /hour

15: 2112 - 2126Z,   14032 kHz, 15 Qs, 67,4 /hour

15: 2158 - 2334Z,    7039 kHz, 37 Qs, 23,1 /hour



Informação Técnica / Tech Info

- Single Op, All Bands - Low Power.

- Yaesu FT 1000 MP - MKV Field.

- Ant. KLM KT34XA triband yagi, 22m high, 10-15-20m; CushCraft 40-2CD 2el yagi to 40m, 25m high.

- Software N1MM+ and app DXMaps, PSKreporter (online propagation).

- Controller Microham MK2R+, Micro Band Decoders.

- Vinhos, Wine: (1) Valduga 130 Brazilian Sparkling Wine, (2) Cordero Con Piel De Lobo Argentina Malbec.

- Average/Média CW speed: 32-36 wpm.