14 de maio de 2007

Work Wine Work Wine

Vinho, Trabalho, Etc...

Esta postagem será como uma colcha de retalhos. Vamos tratar de nosso jantar com Cláudio e Lúcia, e da degustação com André e Geraldo (e suas senhoras), sempre no Tullio Santini em Ribeirão Preto. Temos o carinho que Júnior e a equipe de Tullio Santini nos dispensa a cada visita. Que tal as peculiaridades do serviço público numa cidade com população urbana de cinqüenta mil pessoas?

Já há um ou dois anos estamos insistindo com os colegas que integram o grupo de enófilos de Jaboticabal, quanto a uma reunião especial na “Cucina di Tullio Santini”, em Ribeirão Preto. Não são poucas as passagens neste blog mencionando essa cantina italiana, reconhecida pela revista Quatro Rodas. Ana e eu somos clientes assíduos, e somos sempre maravilhosamente bem recebidos nesse restaurante, comandado por Tullio e sua esposa Diana. A cozinha há algum tempo, tem o pulso firme do Guilherme e o responsável pela orquestra no atendimento ao público é o Júnior, jovem pai da Evelyn, cuja foto vai lançada alhures.

Não é fácil encontrar as condições adequadas para reunir quatro casais. Mas há um mês, pouco mais ou pouco menos, fizemos a proposta para Vitor e Eliana, Cláudio e Lúcia, e Pedro e Sonia, da Confraria do Vinho de Jaboticabal. Embarcaríamos em uma viagem enogastronômica pela cantina italiana do Tullio, mas Eliana foi surpreendida por problemas de saúde; Pedro teve seus problemas de ordem profissional e, por conseqüência, o grupo se reduziu a quatro pessoas: Vitor/Ana e Cláudio/Lúcia.

Mesmo assim, resolvemos não abandonar a idéia. Era uma sexta-feira (e o pior, treze – 13.4.2007), e comigo ao volante, Cláudio e Lúcia poderiam ficar mais a vontade e menos preocupados com a viagem. Foram quarenta minutos de ida e outros tantos para o retorno. Chegamos ao restaurante por volta de 20h30min aproximadamente e, conforme a reserva, ficamos à vontade com uma mesa que acomoda normalmente seis pessoas.

Começamos a noitada com um maravilhoso vinho branco chileno, varietal Sauvignon Blanc, Amayna (vide http://www.vgs.cl/) , cuja safra, salvo engano, era 2005. Videiras plantadas em solo pobre, recebendo diretamente a brisa do oceano Pacífico, com potencial aromático impressionante e muita intensidade, refletindo os aromas florais e de frutas exóticas, jovial e amanteigado, com surpreendente conjunto ao nariz, deu-se muito bem com o prato de entrada: salada de rúcula, alface, pêra, salmão defumado, mussarela de búfala, queijo prima Donna, manjericão, acetto balsâmico di Modena (15 anos) e gengibre. Que modo maravilhoso de iniciar a noite! Depois das primeiras taças, começamos a nos descontrair e a conversa começou a fluir...

Passamos então para um vinho Rosé espanhol de Julian Chivite (http://www.chivite.com/), o Gran Feudo 2005, agradabilíssimo. A revista Gula reconheceu oportunamente que “Não há porque alimentar preconceitos contra os rosados de boa qualidade. Universais como acompanhamento de comidas, aromáticos, estimulantes, refrescados são muito indicados para o calor. Não é à toa que nos países em volta do Mediterrâneo são muito apreciados e perfeitos para a culinária dessa região, seja do mar ou da terra”. O Rosé da Casa Julian Chivite é assim, exibe frescor, é aromático, tem corpo e é elegantemente seco, com preço super acessível. Foi então que tivemos a primeira briga na mesa, mas esperem! A briga era para harmonizar prato e taça! Isto porque Guilherme (no comando da cozinha) resolveu incrementar o prato que Júnior havia sugerido: o ravióli de salmão com molho de manteiga e sálvia, recebeu como incremento um tempero de maracujá que simplesmente levou o prato às alturas, fazendo com que sobrepujasse o vinho. Mas como nos sentimos recompensados pela inovação culinária.

Vejam outra opinião sobre o Gran Feudo rosado em http://www.tintoyblanco.com.au/?p=117

É bom abrir espaço para mencionar que o cardápio fora especialmente preparado para os quatro convivas ali presentes. Os pratos não estão na carta habitualmente servida no restaurante, e esse foi um mimo especial do Júnior. Vejam em uma fotografia o capricho da sugestão de pratos e vinhos...

Pois bem, era chegado o grande momento, com o prato principal. Talvez alguém possa se assustar com a quantidade de comida, mas na realidade fizemos um menu-degustação, ou seja, na realidade foram servidas meias porções para permitir o deleite e a experimentação.

Para o Gran Finale, tínhamos a opção da paleta de cordeiro com papardelle ao molho de espinafre com leite e amêndoas, coberto com queijo padano italiano. Um prato requintado que, por assentimento geral, teve a carne substituída para vitelo. Um prato forte que exigia um vinho a altura e nossos acompanhantes permitiram algumas sugestões. Depois de acalorados debates, fechamos o leque de escolha entre dois tintos dignos: (Argentina) Luca, varietal Syrah 2002 e (Califórnia) Seghesio, varietal Zinfandel 2002. Estes vinhos são cotados pela revista “Wine Spectator” http://www.winespectator.com/ com 92 pontos e têm custo abaixo de R$ 100,00 por garrafa, ou seja, relação custo-benefício ótima...

Nossos companheiros de noitada acataram a sugestão pelo Zinfandel californiano, talvez não colocando muita fé... Mas eu e Ana já havíamos provado esse vinho, e sabíamos de seu potencial, em especial para combinar com o prato mencionado. E não deu outra! Foi maravilhoso! Podem perguntar a Cláudio e Lúcia...

Vejam o que a “Wine Spectator” fala a respeito do Seghesio Sonoma Zinfandel 2002 (tradução livre): Maravilhoso balanço e senso de elegância, it offers vivid ripe fruit flavors que são ricos e complexos, with spicy black cherry, blackberry, pomegranate, ervas and sage notes that add flavor dimensions e complesidade. Firm, but ripe taninos adicionam estrutura, permitindo que a fruta se sobressaia. Beba agora ou até 2009. 48000 caixas produzidas. Este vinho integrou a famosa lista do Top 100 dessa publicação, em 2004, na posição de número 11. Veja a lista completa em:
http://www.winespectator.com/Wine/Wine_Ratings/Top100/Top100_Main/0,4460,2004_R_brief,00.html

Nossa diversão se aproximava do final e nem parecia que tínhamos passado tanto tempo juntos, num ambiente tão agradável. Para selar de forma magnífica nosso passeio, adquirimos em

conjunto duas garrafas de vinho tinto e nos prometemos abri-las oportunamente em uma reunião caseira, talvez para acompanhar uma paella. Se você está curioso para saber quais os vinhos que compramos, eis a resposta: a) uma garrafa de Seghesio Sonoma Zinfandel 2002 e b)




uma garrafa de Luca Syrah Altos de Mendoza 2002. Isto fará com a reunião se torne quase que uma obrigação, mas prazeirosa, é claro... Se vocês desejam adquirir grandes vinhos a custos convidativos, é só procurar o Júnior na Cucina di Tullio Santini (16-36236361). Para quem não conhece a filhinha do Júnior (o sujeito tem cara de moleque e já é pai, pessoal!), estampei aqui em algum lugar a fotografia da jovenzinha, com uma cara de quem pergunta - "onde está meu pai? será que esse povo de Jaboticabal não deixa ele voltar mais cedo p'ra casa?".

Pagamos a conta, pegamos os vinhos (eu trouxe ainda uma Seghesio extra para a adega), entramos no carro e paramos logo após no Mousse Cake, perto da Av. Getúlio Vargas. Uma água aqui, um expresso ali, um chocolate gelado para mim e mais um bate-papo. Depois, hora da estrada. Chegamos a Jaboticabal por volta de 01h30min da manhã, absolutamente satisfeitos. Esperamos que nossos amigos tenham se divertido e lastimamos que o projeto inicial, de reservar a famosa saleta, não tenha ainda saído do papel... Só depende de vocês.

Agora, a parceria para manutenção da Confraria dos Vinhos de Jaboticabal parece que não agüenta a agenda agitada de todos os antigos membros. Oficialmente, é chegada a hora de dar cabo ao projeto, e mantermos apenas a designação de “Encontro de Amigos do Vinho”, sem maiores compromissos de avançar, como já o fizeram alguns de nossos companheiros em Araraquara, unindo-se à Associação Brasileira de Amigos do Vinho, que reúne “confrarias” de todo o país.

Pensava em escrever algo a respeito do trabalho, mas não tenho mais cabeça para isto, ao menos nesta postagem. Mas quero registrar que, com tristeza, o Estado não tem dado a devida atenção aos cidadãos, quando se lança a reduzir o número de serventuários em suas repartições. A grande dificuldade, no entanto, é fazer com que o cidadão distinga entre servidor público vagabundo e aquele que trabalha muito. Neste particular, há que se reconhecer o valor de 90% dos colegas que servem na Justiça do Trabalho deste Estado, mais particularmente o Tribunal Regional do Trabalho a que sirvo (com sede em Campinas e 127 Varas em todo o interior). Aqui, em Jaboticabal, somos duas Varas com novo número máximo de funcionários limitados a oito, o que é verdadeiramente incompatível com a realidade local e com o histórico de 28 anos da Justiça do Trabalho nesta cidade.

Ainda assim, e desanimando a cada nova notícia desalentadora como a da redução no número de colegas, é de se lançar o fato inequívoco de que, a médio e longo prazo, não teremos mais condições de oferecer o trabalho ao povo com a mesma desenvoltura dos dias atuais. As reclamações de advogados e partes serão uma constante e a culpa, no mais das vezes, será sempre imputada aos servidores e Juízes.

Nem por isto, o trabalho ou o gosto por ele diminui. Já tive tempo de afirmar aqui ou acolá, e sem modéstia, que é impossível arrumar outros loucos como eu próprio, submetendo-me a 11/12 horas diárias de trabalho sem paradas para almoço ou até mesmo para as necessidades fisiológicas... É isso mesmo, viciei a tal ponto que banheiro só quando dói... Milagrosamente, nos últimos dois meses, consegui ir ao Mamma Mia em três ou quatro ocasiões, quebrando a seqüência de quase sete meses sem a refeição do meio-dia.

Pois bem, devagar com o andor que o santo é de barro. E agora é São Galvão! Estivemos, o MM. Juiz da Vara e eu, visitando o complexo agro-industrial da Usina São Martinho, em Pradópolis. Foi uma experiência maravilhosa, após onze anos como Diretor de Secretaria em Vara cuja principal clientela é rural, conhecer algo mais sobre esse setor econômico recém elogiado pelo presidente da República, de quem divirjo no que diz respeito ao conceito de “heróis”. Terei tempo, nos próximos meses, de publicar uma postagem mais completa sobre a visita, com um grande número de fotos que estarão disponibilizadas aos leitores.

2 comentários:

  1. Senhores, adorei o blog.

    Às sensações da mesa dos Santini, respondeu, maravilhada, a boca cheia d'água.

    Realmente.......

    Tenho uma "faraona" para preparar, e talvez embarque na escolha do mesmo vinho que serviu o prato principal.....

    Adorei o blog, messsss ( como se diz lá nas geraes....

    Achei interessante um diretor de cartório conhecer de perto a usina.
    ( Mas não de dentro)


    E concordo plenamente com a contrariedade de PY2NY, quanto
    ao termo HEROI, utlizado pelo presidente da república.

    mudaram eles ou mudamos nós?

    Tais "heróis" não tem compromisso com a nação.

    Seguem, na maioria, a cartilha da colonização portuguesa que era:
    chegar, espoliar, rapar e voltar para a corte.

    Na decada de 80, o trabalhador cortava , em média , 13 toneladas de cana /dia.

    Nesta década, pra ganhar menos, cortam 20/21 toneladas/dia.
    E ainda tem gente q se assusta de ver , volta e meia, cabra forte, cair morto na cana.
    Estafa.
    sds
    lucia

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    1. Treze anos se passaram, e com a idade, um bocado mais de discrição. As festas de Babette já não vem mais ao ar, e os pequenos desvios enogastronômicos são mais velados.
      E agora, com a pandemia. Nem se diga.
      saudações!

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