22 de dezembro de 2007

Venha, 2008 !

Está terminando o ano. Aos que eventualmente passem por aqui, o tradicional voto de boas festas! Nestas últimas semanas, Ana e eu experimentamos alguns vinhos não cotados nas revistas especializadas. Há algumas surpresas...
De um colega do trabalho, ganhei uma garrafa do português Altas Quintas 2004. Trincadeira, Aragonês e Alicante Bouschet são as castas desse vinho que nos surpreendeu por lembrar um pouco a Pinot Noir ao nariz. Com coloração granada, traz aromas que lembram amoras e especiarias, madeira e talvez um pouco de alcatrão. É complexo. À boca, é harmonioso, jovial e com persistência razoável, e taninos bem trabalhados.


Finalizamos em companhia dos vizinhos uma garrafa de Porto Krohn Colheita 1966, que é o ano em que Ana e eu nascemos. Temos outra garrafa que pretendemos abrir por ocasião de nosso aniversário de 80 anos, se a gente durar até lá. Na mesma ocasião, experimentamos um Hospices de Beaune Cuvee Guigone de Salins Beaune 1Er Cru 2002. Como sabemos todos, trata-se de uma grandiosa safra da Borgougne, e esta garrafa foi adquirida ao final de nossa visita àquela região... Agradabilíssimo com um lombo recheado e coberto com azeite português e um bom Periquita branco, ao forno...


Da Mercovino, tínhamos aqui para experimentar um Riesling chileno potente, da Casa Santa Rita. Safra 2004 e com inacreditáveis 14%vol álcool. Ana preparou um prato de camarões servidos sobre pão sírio e com creme branco de ervas. A combinação não podia ser mais perfeita! O rótulo informativo bate com nossa prova: proveniente de zonas frias do vale de Casablanca; coloração amarela com matizes verdes; aroma evocando flores cítiricas e damascos; em boca, redondo com refrescante acidez e agradável final.


O último é um branco também, mas francês e com a região (Touraine) recebendo notas entre 85 e 89 para Robert Parker da “Wine Advocate”. Agradável, meio opaco, e bem menos agradável do que o chileno aqui mencionado.


Agora é só esperar 2008. Recebi o catálogo da Mistral, da representante Andréia de Ribeirão Preto. Aliás, em 13.12.2007 tivemos um jantar maravilhoso com todos os colegas da Vara na Cucina di Túllio Santini, naquela cidade. Uma experiência memorável, com vinhos do novo mundo: Montes Cherub Rosé, Don Melchor Cabernet, Norton Reserva Malbec, Catena Chardonnay e um espumante Giacomin. Maravilhoso... A refeição fantástica, o amigo secreto idem...


Perdemos os cartões de Natal mas ganhamos os “e-mail” com todo tipo de anexo... Eu vejo vantagens e desvantagens, mas não vejo outra forma senão aderir ao modernismo que nos obriga a correr, correr e correr.


Para o seu Natal, além de toda alegria do Mundo, espero muito vinho e pão sobre a mesa...


Até 2008...


Vitor e Ana

9 de dezembro de 2007

Bodega Humberto Canale

Compramos na Mercovino (Ribeirão Preto, SP), uma caixa com seis garrafas do Pinot Noir Reserva 2004 de Humberto Canale. Segundo Ricardo afirmou, o vinho foi aprovado pelo João Roberto, o "chef" que toca o famoso restaurante "Le Pyramid" naquela cidade... Usaremos algumas das garrafas como presentes aos amigos mais próximos, mas resolvemos experimentar uma hoje, enquanto assistíamos o filme "Ratatouille" da Diseny-Pixar, e foi aprovada! Aliás, o filme também é fantástico e recomendo para a "DVD-oteca" básica dos apreciadores de bons filmes e da gastronomia... Reparem nos vinhos mencionados na película... E sobre o filme, acessem:

http://www.disney.com.br/cinema/ratatouille/


O Pinot Noir da Patagônia, produzido por Humberto Canale, é saboroso e com taninos bem trabalhados, produzindo boa persistência em boca. Veja o site da Bodega e faça mais pesquisa sobre o vinho que provamos, um Gran Reserva:

http://www.bodegahcanale.com/español/granreservapinot.html


O final de semana, inclusive, foi dos mais corridos. No sábado 08.12.2007, churrasco oferecido aos serventuários do Forum por um advogado e fazendeiro local. Depois, por volta de 17h00, rumamos para Barrinha (SP) onde prestigiamos o casamento do radioamador Davi (PY2VZ) com Regiane. Voltamos a Jaboticabal, e no domingo pela manhã Ana e eu fomos para Araraquara, até a estação de PS2T - PY5EG, Atilano, onde deixei o Yaesu FT-1000mp para reparos... E isto sem perder de vista que participei, na medida do possível, do ARRL 10m International Contest na categoria QRP...

Ou seja, um final de semana pesado !!


A semana também foi corrida... Na quarta-feira, estivemos em Ribeirão Preto para conhecer um pouco mais dos vinhos argentinos "Chakana". O gerente de exportações esteve por aqui, e apresentou seus produtos e a maior surpresa, o Malbec-Rosé 2007, agradabilíssimo para o verão brasileiro, acompanhando praticamente qualquer prato. O custo é inacreditável, com uma oferta especial de R$ 22,50 cada garrafa. O vinho nem aparece no site deles, mas considerando que somos um grande mercado consumidor, segue abaixo o endereço na "web":

http://www.chakanawines.com.ar/

28 de novembro de 2007

Novo Jantar de Fim de Ano

Já está tudo marcado, e no dia 13 de dezembro, às 18h00min, encerramos o expediente na Vara, entramos todos na Van alugada e tomamos rumo de Ribeirão Preto. Acho que é o quarto ano consecutivo que vamos jantar na "Cucina de Tullio Santini", com um cardápio preparado especialmente para nossa turma. Os vinhos, obviamente, também são fantásticos, encontrando-se na lista o Montes Cherub (Rosé Chile) e o Zinfandel Seghesio (Tinto USA). Por uma coincidência, o jornal "Gazeta de Ribeirão" publicou matéria recentemente, com a eleição popular de Tullio como Melhor Chef de Ribeirão Preto. A matéria completa com foto e tudo está no link abaixo...

19 de novembro de 2007

WAEDC 2007 Story (Por/Eng)

Esta história vai contada em duas versões, e foi rapidamente elaborada a pedido dos organizadores alemães do Work All Europe DX Contest. Ela deve ser publicada no site, juntamente com a revista eletrônica de resultados da competição. A tradução foi feita com auxílio de ferramentas gratuitas disponíveis na internet. Não há fotos e o site principal é www.waedc.de


Abraços a todos. PY2NY




Meu nome é Vitor, tenho 41 anos de idade e sou radioamador desde 1981. Neste ano de 2007, tive três experiências muito diferentes nas três versões do WAE.

Participei do WAEDC CW na estação de PS2T (PY5EG Oms) em Araraquara, High Power, e ocupei a segunda posição na classificação sul-americana. Certamente, o dono da estação não ficou muito feliz, mas o fato de ter sido batido por um dos melhores telegrafistas do Brasil serviu como atenuante e demonstrou que uma boa estação sempre precisará de um bom operador mas, nem sempre um bom operador precisa da melhor estação para vencer... Usei o WriteLog em condições excepcionais, posto que o N1MM ainda não estava instalado.

No WAEDC SSB retornei a Araraquara (PS2T) para uma atividade Multi/Single encabeçada pelo PY5EG Oms. Com mais dois jovens radioamadores (Danilo 18 anos e Evandro 15 anos), enfrentamos as 48 horas de competição em condições de propagação simplesmente horríveis. Ainda assim, o resultado foi expressivo e a euforia típica da operação multi tomou conta de todos, a despeito de pequenos problemas enfrentados com o Acom-2000 e o FT-9000, substituído ao final por um IC-7000.

Finalmente, regressando as origens, participei do WAEDC RTTY aqui mesmo de minha casa, na categoria Low Power. Trata-se de uma estação singela, com apenas uma torre e provisoriamente com um único radio. A propagação novamente horrível obrigou-me a um score muito baixo, e foi difícil, nessas condições, encontrar quem se dispusesse a enviar e receber QTCs. Em minha casa, a KT-34-XA (6el 10-15-20m) está a 22m de altura, a 40-2CD (2el 40m) a 25m de altura e a DXA Sloper AlphaDelta (160-80m) a 20m na torre auto-sustentada. O rádio é um Yaesu FT-1000mp Field com todos os filtros, inclusive roofing, da INRAD. O controlador FSK é Microham MK2R+ e o software utilizado é N1MM com MMTTY. Acredito que o grande segredo do WAE RTTY seja o TX/RX de QTCs.

My name is Vitor, I am 41 and have my ham licence from 1981. In this year of 2007, I had three very different experiences in the three versions of the WAE.

I participated of WAEDC CW at PS2T (PY5EG Oms) in Araraquara, Single Op High Power, and occupied the second position in the South American classification. Certainly, the owner of the station isn’t very happy, but the fact to have been beaten for one of the best brazilian telegraphers served as extenuating and demonstrated that a good station Will always need a good operator but, nor always a good operator Will need the best station to be successful… I used the WriteLog in nice conditions, because N1MM was not yet installed.

In WAEDC SSB I returned to Araraquara (PS2T) for a Multi/Single activity headed by PY5EG Oms. With another two young ham operators (Danilo 18 years and Evandro 15 years), we face the 48 hours of competition under horrible propagation conditions. Still thus, the result was expressive and the typical euphoria of the multi-operation took our souls, even with small problems faced with Acom-2000 and FT-9000, changed at the end for an IC-7000.

Finally, returning to the origins, I participated at my own home of WAEDC RTTY, Single Op Low Power. A very simple station, with only one tower and provisorily with one radio. Again, horrible propagation compelled me to a very low score, and was difficult, under these conditions, to find anyone looking to send or receive QTCs. At my house, I have KT-34-XA (6el 10-15-20m) @22m, 40-2CD (2el 40m) @25m and DXA Sloper AlphaDelta (160-80m) @20m in the self-supported tower. The radio is a Yaesu FT-1000mp Field with all INRAD filters including roofing. FSK Controller is Microham MK2R+ and used software was N1MM with MMTTY. I believe that the great secret of WAE RTTY is the TX/RX of QTCs.

4 de novembro de 2007

Pub Londrino (2002) - Eng/Por

Este blog não é atualizado com freqüência. Pudera, o final de ano se aproxima... Mas neste feriado, consegui limpar a estação de rádio, e aqui dentro de casa, o mezzanino. Algumas coisas vão para o lixo, como a comanda do pub londrino “The Gallery”, onde jantamos, Ana e eu, numa noite de outubro de 2002.

Então, apenas para que não passe em branco, fica aqui a fotografia da comanda, e alguns links com fotos e revisões sobre o estabelecimento. Não era o melhor, mas Ana e eu adoramos, e tomamos muita cerveja para enfrentar o frio.

O “The Gallery” fica pertinho da Tate Britain Art Gallery e não está distante da Abadia de Westminster, bom para quem é ligado no “Código da Vinci”.

http://fancyapint.com/pubs/pub1045.html

http://www.allinlondon.co.uk/clubs_bars/venue-541.php

http://www.viewlondon.co.uk/pubsandbars/gallery-info-11597.html


This blog is not brought up to date frequently. Well, the year´s end approaches… But in this holiday, I cleaned the radio station, and here inside the house, our mezzanino. Some things go to the garbage, as it command of London Pub “The Gallery”, where have dinner, Ana and I, in a night of 2002, October.

Then, to avoid our memory lost, the photograph of that command, and some links with pictures and reviews about the establishment. It wasn´t optimum, but Ana and I adore it, and drink a lot of beer to face the cold weather.

The “The Gallery” is close to the Tate Britain Art Gallery and not far away of Westminster Abbey, good for who is on in the “Da Vinci Code”.

http://fancyapint.com/pubs/pub1045.html

http://www.allinlondon.co.uk/clubs_bars/venue-541.php

http://www.viewlondon.co.uk/pubsandbars/gallery-info-11597.html

30 de setembro de 2007

Final de Setembro 2007


Já escrevemos em vários pontos deste Blog que o vinho é um elemento gregário na sociedade, e obriga as pessoas ao convívio. Isto sem mencionar as propriedades terapêuticas dessa bebida milenar, já devidamente comprovadas por um sem número de entidades e publicações cientificas. Esta fotografia foi recebida há algum tempo por e-mail, e mostra alguns “wine brothers” no Rio de Janeiro. Estas pessoas já foram fotografadas em outros pontos do Blog, e mais recentemente o Pedro (magrinho, de cabelo branco e alto) e sua esposa Sônia foram convidados para um evento na WorldWine de Ribeirão Preto, e ali, Ana e eu tivemos o prazer de reencontrá-los, há uma ou duas semanas atrás...

Esse evento na WorldWine serviu para receber Erika Goulart, que veio ao Brasil lançar seus vinhos. Erika é brasileira e descobriu em 1998 que era herdeira de algumas terras produtoras de vinho na região de Mendoza, Argentina e resolveu levar adiante a idéia. A vinícola leva o nome de seu avô, combatente da revolução constitucionalista de 1932 no Brasil e que se estabeleceu na Argentina ao final dos conflitos. Apresentou-nos dois exemplares: Paris Goulart e o Reserva, este último 100% Malbec. Apreciamos muito os vinhos, e por incrível que pareça, o Paris Goulart impressionou-me um pouco mais, talvez pela finesse ao nariz, leveza e facilidade em consumir. O Reserva demonstrou ter mais personalidade e complexidade, além de ser proporcionalmente mais caro.

Outro dia troquei algumas palavras com um colega de profissão, a respeito das séries de TV. Nossas preferências eram comuns em relação a “CSI” e opostas quando falamos de “West Wing”. O estilo das séries também é diferente, pois o primeiro traz mais ação, enquanto que o segundo discute, essencialmente, a política americana coordenada por um presidente que todos gostariam de ter, interpretado por Martin Sheen... Em nossa casa, temos já as quatro primeiras temporadas de West Wing, mas nos divertimos muito quando assistimos a qualquer uma das versões de “CSI”, retratando a vida dos invesgadores científicos de polícia, em Nova Iorque, Miami ou Las Vegas.

Hoje é domingo, 30 de setembro de 2007, estou no segundo dia do CQ WW RTTY Contest. São 16h00 e estou com 566 contatos neste exato momento, escrevendo no laptop enquanto acompanho o conteste no computador do shack. Optei pela operação restrita aos 100 watts de potência e estou operando exclusivamente na banda de 20 metros, o que me deu algum tempo livre durante o final de semana. No sábado pela manhã estive em Monte Alto, onde substitui os pneus do Mercedes Classe A branco, gastando R$ 600,00 na troca e no alinhamento de direção e pneus, na Zezé Pneus. O mesmo trabalho foi orçado por algo ao redor de R$ 700,00 em Jaboticabal.

O almoço de hoje foi caprichado, com camarões preparados no vapor, pimenta síria e ervilhas. O vinho branco foi um bom Chardonnay da San Pedro (Chile), encantador, e o melhor de tudo – barato. Em tempo, a 24.9.2007, minha mãezinha fez aniversário.

18 de setembro de 2007

Rachel de Queiroz, Radioamadora!

Rachel de Queiroz fala sobre o radioamadorismo em sua crônica publicada na revista "O Cruzeiro" de junho de 1962. A autora foi radioamadora: PT7ARQ. Quem diria, uma escritora tão admirada, com uma passagem pelo radioamadorismo? Leiam que bonito texto e se desejarem conhecer a biografia da escritora, acessem



CORUJA


Rachel de Queiroz

Bem, é o que sou. Não a propriamente dita, mas em linguagem de radioamador. Pois coruja é o radioamador ouvinte, o que não tem transmissor e liga o receptor em casa, para ficar ouvindo as conversas dos outros. Divertimento barato, aliás. Não precisa sequer ter-se um receptor de alta categoria: basta um pequeno transistor desses japoneses, de contrabando, acrescentado de uma antena de nove metros de fio de aço de pescador. O importante, além disso, é que o transistor tenha faixa de onda de 40 metros, que é por onde se manifestam os radioamadores da rede local. O mais é constância e paciência.

E penetra-se num mundo de que não suspeita o simples cidadão, acostumado a escutar apenas as emissões comerciais de TV e "broadcasting"; pululando a nosso redor, insuspeita, mas permanente e ativa, funciona em volta do mundo todo uma imensa rede de estações de rádio, manipuladas por radioamadores que estabelecem pela Terra inteira uma cadeia de comunicações, muito mais eficiente que os serviços públicos, oficiais ou particulares. A boa vontade é o seu lema, a solidariedade humana a sua obrigação. Quem viu aquele filme francês "Si tous les gars du monde", pode fazer uma idéia do fenômeno . E não se trata de conversa de fita de cinema, não; é assim mesmo daquele jeito que eles se comportam, da Noruega ao Congo, de Ver-o-Pêso à Vigário Geral.

Um radioamador é assim uma espécie de cruza entre escoteiro e "santo" de sessão espírita; do escoteiro tem a mania de bem servir, de não deixar passar um dia sem realizar um ato de bondade, muitos atos de bondade. Do espírito tem a faculdade de baixar no terreiro da gente a uma simples evocação, e ainda por cima servir de "cavalo" para qualquer mensagem de importância grande ou pequena, que você queira transmitir ou receber. Pois para que a mensagem seja transmitida, não precisa sequer que o interessado escute o apelo de quem chamou: há sempre um colega serviçal que escuta, toma nota e passa adiante, feito atleta com o fogo simbólico.

Os radioamadores que se encontram diariamente a uma hora certa, em grupo, formam o que se chama na gíria deles uma "rodada" . Pode ser das cinco às sete da manhã, de uma às três da tarde, de dez à meia-noite, a rodada não deixa de funcionar, nunca. É só procurá-la na freqüência habitual e lá estarão eles, com os companheiros do éter, a "assinar o ponto", a bater papo, a comentar as marcas, as excelências e os defeitos técnicos das respectivas transmissões, enchendo lingüiça até que apareça o que eles consideram "serviço sério": recados de urgência, mensagens, comunicados de falecimento, de doença, de nascimento, de viagens, de mudanças; promoção de encontros de famílias ou amigos separados; um de Pará de Minas outro de Barra do Corda, trocando comunicados afetuosos ou urgentes, que "Mamãe foi operada. e esta passando bem", que "a festa das bodas de ouro é terça-feira, sem falta, veja se vem mesmo!" E o dono da estação de rádio é o médio. Num país onde os telégrafos tão pouco funcionam o os correios ainda menos, calcule-se o valor dessa comunicação. O que uma troca de telegramas pediria, no mínimo, alguns dias - e isso em lugar onde haja telégrafo - o radioamador resolve num quarto de hora.

Creio que a rodada mais famosa do Nordeste é o chamado o "Cafezinho da Manhã", que funciona diariamente das cinco e meia às sete e engloba uma rede de radio- amadores que vai da Bahia ao Maranhão, com incursões por Minas, Pará ou até onde for a onda de 40 metros. Seu criador e animador é o "Caboclo Xavante" das tabas ao "Queixeramobim", que em geral dirige a rodada, dá a palavra a quem de direito, mantém a disciplina da reunião, faz, como eles dizem, "a roda rodar".

É homem extremamente cortês, que pode estar apressadíssimo para "dar o pirulito", mas não dispensa os cumprimentos à Labre, à escuta oficial, aos colegas, de um em um, incluindo os "familiares", sem esquecer a "rede regional de corujas", da qual faço parte .Mas, sendo assim disciplinador e comandante da rodada, responsável peIo seu tom permanente de cortesia e boa camaradagem , deixa de ser o seu tanto galhofeiro, e está sempre pronto a zombar das conhecidas franqueza ou estrepolias de uns e outros, da submissão dos "barrigas brancas ", das indiscrições de algum "cavalo de cão", e insinuar maliciosamente às esposas na "coruja" as possíveis peraltagem dos maridos em viagem ...

Nunca o vi em carne e ossos, mas é pessoa que trago no coração; conheço-lhe a voz entre dezenas, é realmente espírito familiar e benéfico, desses que, nos terreiros, são chamados de "guias ". O outro comandante do cafezinho o é mesmo mandante do seu direito, alta patente Militar e importante função oficial; mas para nós, é, simplesmente, "o Chaguinha ".

Esse conheço de longe, é um velho amigo dos tempos em que a gente pensava que podia consertar o mundo com discursos e boletins, um dos mais eficientes e prestativos da rodada . Perde horas do seu tempo precioso importante para um recado, tranqüilizar uma mãe aflita, conseguir um avião que traga um enfermo de algum lugarejo distante, obter a vacina. Dantes era mestre em broncas, especialmente contra os mal educados que invadem a freqüência, abafando a voz dos colegas e atrapalhando as rodadas: agora, não sei o que he deu, está muito manso. Os anos de cidade e as funções oficiais não lhe alteraram a fala típica de sertanejo e a sua sertaneja paixão por saber notícias de chuva. Ah, se soldado pode ser flor, está, ali, uma.

Outros membros do cafezinho são da mais variada procedência, padre e juiz, dona-de-casa, general, moço rico, pequeno funcionário, comerciante, fazendeiro, até bispo! Tem de tudo ali, reunidos todos numa só fraternidade, tratando-se por você, ninguém querendo ser melhor do que os demais. Com o truque nemonico, usam uma espécie de pseudônimo tirado das iniciais dos seus prefixos: é o "velho fazendeiro", "cabloco serrano "(não falei que eles parecem gente de terreiro? Até essa mania de se chamarem "caboclos". , ). Um mais lírico, diz-se "Viva o nosso lar ".

Outro se chama "xadrez-lamparina". E tem o Zé Calado", e um meio maldizente a quem os colegas apelidam de "língua danada" . Usa, além disso, uma gíria particular, em que expressões técnicas e jargão familiar se misturam. Tratam-se entre si por macanudos. Um recado é torpedo; automóvel é pé de borracha, mulher é cristal; dar sinal no meio da conversa dos outros é dar uma bicorada; falar ao microfone é modular, e ter estação forte que abafa todo o mundo é ser tubarão etc. etc.

Mas parece que, em conversa de radioamador, é proibido falar em negócios, em política e em dinheiro, regra a que eles obedecem com fidelidade. Exceção feita em casos e que aludir a dinheiro é indispensável - preço de material de rádio, de premente necessidade de alguém distante que lembra a mesada ao pai ou o numerário para uma emergência; eles, então, usam metáforas mais ou menos transparentes, como "quilociclagem", "combustível", "manteiga".

E assim servem e alegrar o mundo, "fazendo a roda rodar", benza-os Deus.

21 de agosto de 2007

Dinner/Jantar - 18 August 2007

A oportunidade de reunir pessoas ao redor da mesa deve ser sempre aproveitada. Nessas ocasiões, revelamos nossas virtudes e vícios.

Melhor que isto, podemos nos exercitar na arte da cozinha. Quando recebemos os amigos, procuramos sempre nos esmerar na “produção” dos pratos e na combinação dos vinhos. É e deve ser um prazer receber e ser recebido.

Nestes últimos anos, desde que começamos a nos interessar mais por vinhos e gastronomia, reunimos pessoas com os mesmos gostos e em grupos diferentes. Havia a turma da WorldWine, que reunia vizinhos e outros interessados aqui da cidade de Jaboticabal. Regularmente, fazíamo-nos presentes às degustações promovidas por essa loja especializada em Ribeirão Preto e conseguimos, até mesmo, promover jantares nas casas dos diversos integrantes da turma... O tempo passou, roubou o tempo dos convivas, os interesses mudaram e, logo, as desculpas habituais surgiram para justificar o distanciamento. É claro que o vinho continua presente na vida dessas pessoas...

Depois, surgiu a possibilidade de outro grupo se reunir, talvez um pouco mais diverso (e penso no sentido exato da palavra diversidade), e lá estávamos nós, entre fisioterapeutas, professores e empresários. Novamente, a incompatibilidade de horários e os compromissos de quase sempre, puseram-nos ao largo. Mas continuamos com os vinhos.

Há ainda, um terceiro grupo, menor, com apenas outros dois casais além de Ana e eu. Este, por motivos que a própria razão desconhece, carece de maiores comentários, que não são feitos para evitar comprometimento da privacidade alheia. Já foram três boas reuniões, sendo a última realizada no dia 18 de agosto de 2007 e a primeira em fevereiro de 2006. A reunião de fevereiro de 2006 foi relatada, ao menos quanto aos vinhos, em outro ponto deste blog.

Nesta postagem, há intenção de dissertar mais extensivamente sobre o último encontro, iniciado por volta de 20h00min do dia 18 de agosto de 2007.

Alguns dias antes, como fiz com a reunião anterior, recebi a relação dos pratos que seriam degustados, com exceção da sobremesa... Logo, preparei as sugestões de vinhos, para harmonização com os pratos. O resultado de meu trabalho está logo abaixo:


Introdução.
Três casais, sem consumo exagerado, de modo que seja possível, ao chegarmos na última garrafa, encontrarmo-nos todos no domínio de nossas sensações, apreciando cada um dos vinhos da noite especial. Para os queijos, endívias e cogumelos, 2 ou 3 garrafas de brancos ou roses, com um tinto médio se for o caso. Para os pratos principais, os tintos de seu agrado, com uma única exceção – o encaixe de um Chablis de classe para a degustação com o pernil. A sobremesa, qualquer que seja ela, pede vinho específico. Minha sugestão, para diferenciar de todo o mais, é o Marsala doce italiano... Difícil de encontrar, talvez ache com o Junior, Maitre de Tullio Santini, que agora vende vinhos lá no restaurante. Ligue para ele e pergunte do Marsala... Qualquer coisa me chame... Seis garrafas do começo ao fim, é o que acho ideal, tirando o Marsala no final, cujo consumo se resume a um cálice... Como sempre, desculpem... Até sexta..

Queijos: Swiss, Gouda e outros queijos firmes
Tintos
Chianti (não Reserva) (-) Dolcetto (-) Pinot Noir (Oregon) (-) Rioja (-)
Brancos
Champagne ou espumante (-) Chardonnay (California or Australia) (-) Fino Sherry, Jerez (-) Gewurtztraminer (-) Sauvignon Blanc (California or New Zealand) (-)
Queijos: gorgonzola e outros queijos de veio azul
Vinhos de Sobremesa combinam com esses queijos Oloroso ou Amontillado Sherry (-) Banyuls (-) Colheita Tardia de Gewurztraminer ou Riesling (-) Madeira ou Porto (-) Moscatel (-)
Os queijos – a seleção de queijos obriga a escolha de dois ou três vinhos para a entrada. Um Sauvignon Blanc Dona Paula seria uma boa pedida e a ótimo custo (Mercovino). Outro interessante e branco, com uva peculiar viognier, é o Altas Cumbres, na casa de R$ 33,00 também na Mercovino. Para o gorgonzola, um Jerez (Sherry) ou um Porto, impossível de achar bons que custem menos de R$ 50,00. Dá para substituir com o colheita tardia Aurora, Brasil, que vocês devem ter uma garrafa guardada. Tinto na entrada pode ser o Chianti simples, da Cecchi, disponível na WorldWine com bom custo benefício.


Saladas: saladas com molhos médios e leves
Brancos
Muscadet (-) Orvieto (-) Pinot Blanc (Alsace or the United States) (-) Pinot Gris (Italy or Oregon) (-)
As endívias combinadas com os cogumelos numa confusão quente-frio, exigem a escolha de um vinho muito especial, que sirva de porta de entrada para os pratos principais que seguirão e que pedirão, talvez e por uma questão de gosto comum, bons tintos. Acho que um bom rosé pode ser a solução aqui!! Vamos de Rosato di Aglianico 2004 da Feudi di San Gregório, cuja garrafa já transmite uma imagem de alegria e encontro (WorldWine)... Lá na WorldWine também há um vinho que não experimentei e que parece ser interessante para a ocasião – e é o CARM Rosé Douro 2005.


Pasta: com molhos cremosos e levando tomate
Tintos
Beaujolais 2006 ou 2007 (-) Chianti (não o Riserva) (-) Dolcetto (-) Pinot Noir (Oregon) (-) Rioja (-)

Porco: filé ou pernil
Apenas tintos
Chianti (não Riserva) (-) === bons preços e qualidade na WorldWine Cotes du Rhone (-) === acho os Rhone imbatíveis com carne de porco Dolcetto (-) Merlot (Chile or Italy) (-) Pinot Noir (California) (-) === o Amayna chileno é ótimo Pinot Noir (Oregon) (-) red Burgundy (-) === Ah, os Borgonha... Na Mercovino Rioja (-)
Sobre arroz de forno encontrei trecho de blog que menciona os brancos portugueses para acompanhar... Pode ser, mas precisa encontrar safra que seja mais recente, nada anterior a 2004...
O enunciado, mais o magnífico pão de trigo escuro caseiro, podem constituir as entradas. Para as acompanhar, Mário sugeriu um branco de 2000 da Quinta de Lagoalva, elaborado por Rui Reguinga com uvas Arinto e Chardonnay, fresco, frutado, de acidez e presença da madeira nova equilibradas, elegante, muito bom.

Eis agora a grande escolha da noite. O que fazer? A princípio mencionei apenas os tintos, mas sou obrigado a abrir exceções... O pernil, da forma preparada, pode harmonizar quase que perfeitamente com um Chablis maravilhoso da Mercovino – Chablis 2005 William Févre R$ 85,00 – 89 pontos na Wine Spectator e potencial de guarda até 2012. Para os tintos, envolvendo todos os pratos, há possibilidade de um Borgonha, a quintessência do Pinot Noir. WorldWine tem um Olivier Guyot 2004 da Borgonha, mas nesse caso a massa se afasta um pouco do conjunto, pedindo algo ligeiramente mais encorpado e complexo como o Piemonte (uva Dolcetto) de Marchesi di Barolo Boschetti da WorldWine.

1) WorldWine – R. João Penteado 420, Boulevard. Falar com a Elisângela ou Lucas. Telefone 39316008 e www.worldwine.com.br
2) Mercovino – R. Marcondes Salgado, 1538. Falar com o Ricardo. Telefone 36355412. www.mercovino.com.br
3) Boutique do Vinho do Tullio - Av. Antonio Diederichsen, 485 - Jardim América (16) 3623-6361 e falar com o Júnior na hora do almoço...





Pois bem, eis o banquete. Enquanto estávamos todos ainda de pé, logo após chegar à casa de nossos amigos, entramos com um Prosecco de aperitivo para molhar a boca. O Prosecco é a nova onda na Europa, o consumo é elevadíssimo em todos os países, especialmente durante o verão no continente... Tomamos duas garrafas, como entrada. A primeira delas, como disse, ainda em pé. A outra, sentados, com frutas secas, queijo e pão. O Prosecco de garrafa escura é um Mionetto MO geralmente avaliado com 86/87 pontos pela Wine Spectator: seco e elegante, frutado e com notas minerais reiterados no refinado final, sendo considerado um ótimo Prosecco.

Depois passamos para dois Rosés, que serviram de meio caminho, com as saladas, continuação com os queijos, na espera dos pratos quentes. Cogumelos e berinjelas... CARM Douro Rosé, português, leve e macio. A seguir, o Feudi di San Gregório Rosato di Aglianico italiano, em uma garrafa de vidro jateado, mais agressivo ao paladar e mais ácido no nariz, quase refrescante. Grande noite, o tempo passava e a gente nem percebia... Wine Spectator cotou o CARM 2004 com 79 pontos, o que não é lá grande coisa, e eles mesmo reconhecem que é um vinho sem grande atrativo. Por isto, sentimos a diferença para o Feudi di San Gregorio, com mais personalidade: 85 pontos, balanceado e limpo, com limão e amoras secas, e uma base mineral; corpo médio, final refrescante.

Os tintos para o arroz de forno, pernil e tortelloni com tomate seco e mussarela: dois Cotes Du Rhone franceses e um Sangiovese italiano.

Vejamos o Cotes-du-Rhône Louis Bernard 2004, para a revista Wine Spectator (lembrem-se que somos assinantes...): 86 pontos, amoras e pimenta, com notas minerais e tostadas; encorpado, com final “defumado”. Não anotei o rótulo do outro Côtes-du-Rhône.

O tinto italiano e que agradou a todos era um Don Camillo Farnese 2003, com predominância da uva Sangiovese em corte com Cabernet Sauvignon: um tinto jovem e frutado, toques de pimenta negra, corpo médio com taninos finos e um final frutado e mineral, ótima relação custo benefício. Em nossa casa, Ana e eu ainda temos duas garrafas desse ótimo vinho, que não deve ser guardado.


Ao chegarmos às sobremesas, só restava aproveitar o maravilhoso vinho do Porto da Real Companhia Velha 10 anos, em garrafa de luxo. Engarrafado em 2001, foi aberto nessa noite, com as sobremesas maravilhosas. As fotos falam por si.

Foi realmente maravilhoso. Esperamos que momentos como esse se repitam em nossas vidas nos próximos anos.

28 de julho de 2007

Mais vinhos...

Nas últimas semanas, com a inesperada queda de temperatura, diminuiu a atividade física e aumentou o consumo de vinho em nossa casa, especialmente à noite, com o jantar. A rotina diária impõe apenas duas refeições, com o café da manhã e o jantar, e assim, finalmente, implementou-se no lar o hábito europeu de aproveitar ao menos meia garrafa de vinho tinto a noite, pelo casal.

Mais do que alimento, o vinho é também companheiro ideal para o coração, como já comprovado em diversos trabalhos científicos. Mas é importante lembrar que é o vinho tinto que traz melhores benefícios para a saúde, e não estamos falando dos vinhos suaves, é claro!

O vinho suave é um atentado terrorista, e decorre do apreço natural que os brasileiros têm por vinhos mais adocicados. O processo de correção do açúcar no vinho denomina-se chaptalização e é proibido em diversos países. A dica é evitar qualquer vinho com adição de açúcar, mas não confundir com os bons vinhos de sobremesa existentes pelo mundo, como Porto, Jerez, Pasito, Marsala, Tokay, etc...

Nas últimas três semanas, consumimos alguns bons vinhos, que aparecem aqui fotografados. Estes vinhos foram adquiridos em supermercados, Museu da Gula, World Wine, Júnior (Cucina di Tullio Santini) e Mercovino. Eis algumas informações:

Argentina; Altas Cumbres Viognier 2005, de Lagarde; branco; 15% vol álcool. De acordo com o produtor, notas de melão, pêssego e damasco, 100% varietal e com vinhas em Lujan de Cuyo. Vigoroso, complexo, com personalidade e nariz tipicamente tropical, alegre. Tem persistência e é acompanhamento ideal para carnes brancas e frutos do mar, especialmente se bem temperados. Adquirido na Mercovino em julho de 2007, a R$ 31,00 a garrafa. Wine Spectator classificou apenas a safra de 2004 em 80 pontos. Não é vinho de guarda e deve ser consumido imediatamente.

Chile; Casillero del Diablo Cab Sauvignon 2005, de Concha y Toro; tinto; 13,5% vol álcool. Já é um clássico nesta residência, especialmente por conta da relação custo-benefício. Reconhecido pela revista Decanter como um dos 50 Best Value do Planeta em 2006. Recebeu 85 pontos da Wine Spectator e a classificação de “Best Value”. A revista menciona notas de cerejas e figo, com final razoavelmente persistente. Na prova, os aromas ficaram disponíveis por alguns minutos, demonstrando que se trata também de vinho para consumo imediato. O produtor menciona notas de cassis e toques de baunilha, mocca, café torrado e chocolate. Recomendado para carnes vermelhas, pratos condimentados (concordo!) e queijos maduros, incluindo Gruyere e azuis. Adquirido no Museu da Gula em julho de 2007, por R$ 26,00 a garrafa.

Argentina; Mendel Malbec 2004, de Beau Lieu; tinto; 14,2% vol álcool. A uva da Argentina... Consistente, com coloração firme, e agradável ao paladar. De acordo com o produtor, são vinhas plantadas em 1928 a 1000 metros de altitude. Colheita em março de 2004 e engarrafamento em dezembro de 2005, com total de 5240 caixas de seis garrafas. Cotado pela Wine Spectator com 90 pontos. Suporta guarda até 2009. Ameixas, especiarias, com bom corpo, iniciando com leve acidez e concluindo com boa e longa permanência na boca. Ana e eu gostamos muito. R$ 68,00 a garrafa na Mercovino.

Espanha; Gran Feudo 2002, de Julian Chivite; tinto; 12,5% vol álcool; Corte de Tempranillo, Grenache e Cabernet Sauvignon, consumido na Cucina di Tullio Santini em duas ocasiões e com uma garrafa disponível em casa. 80 pontos na Wine Spectator, que menciona em sua prova cerejas, tabaco e ervas, em harmoniosa composição, devendo ser consumido imediatamente. É um vinho menos agressivo, e tranqüilo ao paladar, combinando bem com boa gama de queijos e carnes vermelhas, temperadas mais delicadamente. Julian Chivite produz também o Gran Feudo Rosé, agradabilíssimo.

Argentina; Misterio Malbec 2005, de Finca Flichman; tinto; 13,5% vol álcool. O vinho de ponta da Finca Flichman é o Dedicado. Há outros rótulos interessantes, como o “Expressiones”, com cortes pouco usuais. De acordo com o produtor, Misterio é varietal 100% da região de Mendoza, passando quatro meses em carvalho e mais três meses em garrafa, contando com coloração roxa profunda, aromas de cerejas negras e violeta; voluptuoso em boca, e final elegante. Bom acompanhamento para massas e carnes vermelhas. Gostamos, mas achamos um pouco rascante, algo que talvez pudesse ser consertado com a decantação meia hora antes de servir. Adquirido na World Wine, mas não recordo o preço. Não há cotação pela Wine Spectator, e pode suportar um ano em garrafa.

França; Sirius Bordeaux 2002, de Maison Sichel; tinto; 12,5% vol álcool. Corte típico bordalês com Merlot, Cab Sauvignon e Cab Franc, com 12 meses em carvalho, recomendando-se o consumo imediato. Não cotado na Wine Spectator, é um Bordeaux mais simples, quase um vinho de mesa, que não perde muito para bons exemplares da América do Sul.
Brasil; Rio Sol 2004, de Vitivinícola Santa Maria AS - Pernambuco; tinto; 12,5% vol álcool. Primeiro vinho brasileiro testado na Wine Spectator, publicação especializada nos Estados Unidos, recebendo 83 pontos, o que não é nada mal. Tinto lastreado no Cabernet Sauvignon e produzido no paralelo 8, o que é absolutamente incomum no mundo. Ameixas secas, cerejas e chocolate, mas não tão presentes. Deve ser consumido imediatamente e vai muito bem com queijos e entradas, além de carnes vermelhas mais leves. R$ 17,00 no Museu da Gula.


É isso aí, pessoal.



23 de julho de 2007

Vinhos, Cães e Jantares

Apresentamos aos amigos leitores, o vinho que adquirimos durante a passagem pelo Principado de Liechtenstein. Trata-se de um Rosé vinificado a partir da uva Pinot Noir, com agradável nariz, acidez controlada, cor digna da modalidade e ótimo acompanhamento para carnes mais leves e peixes. Cai particularmente com saladas. Foi o primeiro vinho consumido após o retorno da viagem de 10 dias pela Suíça e Alemanha, entre 15.6.2007 e 24.6.2007. Já não me recordo ao certo quantas garrafas vieram na mala, mas a maior parte dos vinhos trazidos é de origem suíça. São desconhecidos do grande público brasileiro e em 95% dos casos, têm seus melhores representantes com a Pinot Noir (tinto) e algumas variedades de brancos, incluindo a Chardonnay – é claro que predominam os brancos na produção nacional como um todo.

Falando em vinhos, adquirimos um pequeno guia para o consumidor, publicado por Hugh Johnson, na versão 2007. É todo em inglês, mas traz referências ótimas de vários países, incluindo o Brasil, além de harmonizações simples de vinhos, queijos e refeições. Nessa última versão, Hugh Johnson comenta rapidamente sobre o RioSol, tinto brasileiro produzido em Pernambuco, latitude 8 graus. Ana e eu estamos experimentando esse vinho agora, adquirido há uma semana por R$ 16,90 no Museu da Gula em Ribeirão Preto. Por se tratar da safra 2004, nossa avaliação é de que o vinho deve ser consumido imediatamente e a garrafa deve ser aberta quinze minutos antes de servir. Os taninos estão bem trabalhados, a cor demonstra pequena e levíssima oxidação na borda e a presença do álcool está disfarçada pelos tons de madeira ao palato. O nariz não é pungente, mas satisfaz e o vinho pode acompanhar carnes vermelhas que não sejam temperadas com mais força. Espero ter tempo, em breve, para publicar a foto do rótulo e traduzir o comentário feito pelos especialistas da Wine Spectator.

O RioSol já foi avaliado pela Wine Spectator recentemente, recebendo 83 pontos na escala de 50 a 100, daquela revista especializada. Trata-se, salvo engano, do único vinho brasileiro avaliado pela importante publicação americana. Acredito que, nos próximos meses, os primeiros representantes da Miolo (Rio Grande do Sul), também sejam ali avaliados, dada a influência de Michel Rolland no cenário vinícola mundial. Neste blog, o leitor encontrará uma entrevista concedida por ele há uns dois anos, quando do lançamento do Miolo Merlot Terroir 2004. Vale a pena, pois outros vinhos da empresa estão recebendo o toque de Midas de Rolland, e conseqüentemente, com preços adequados ao mercado internacional. Fica difícil, todavia, mesmo com a participação desse Expert, substituir bons chilenos e argentinos pelos vinhos brasileiros, se o preço é semelhante...

Anote para sua próxima compra de livros: Hugh Johnson’s Pocket Wine Book 2007, trigésima edição. Uma micro-enciclopédia para novatos e experts, segundo o New York Times. Tão pequenino que dá vontade de levar para todos os lugares, especialmente supermercados...

Na próxima quarta-feira, participaremos de uma degustação com vinhos da Bodega Dona Paula, da Argentina. O evento é promovido pela Mercovino, uma das boas lojas de vinho sediadas em Ribeirão Preto. Há uma semana, fiz minha primeira aquisição na casa, com um Malbec 2004 da Argentina (90 pontos na Wine Spectator) e um outro tinto espanhol, ainda não degustado, com 92 pontos da mesma publicação; e os dois vinhos têm ótimo potencial de guarda. A surpresa agradável, já comentada com um Juiz do Trabalho apreciador, foi o Viognier Branco 2005 argentino, Altas Cumbres de Lagarde. Varietal, oriundo de vinhedo com 12 anos de idade da região de Lujan de Cuyo, e esbanjando 15% vol de álcool! Complexo, frutado, intenso... Em breve, postaremos a fotografia do rótulo, mas por ora, vale a pena ir até a Mercovino, conversar com o Ricardo e pedir seu desconto. Consegui duas garrafas por R$ 31,00 cada uma.

Mais um livro interessante sobre cães: “Uma vida entre três cachorros”, de Abigail Thomas, Editora Planeta. Eis a sinopse: é uma das memórias mais intensas já escritas. Abigail Thomas tem um estilo seco e impactante, assim como a tragédia que abalou sua vida. A história começa quando seu marido Rich, após ser atropelado, sofre grave lesão no cérebro. Entre as diversas seqüelas, a perda da memória é a que traz maior dano a ele e a sua família. Rich é condenado a morar para sempre em uma clínica. Sem o companheiro em casa, Abigail faz de seus três cachorros uma nova família. Harry, Rosie e Carolina irão preencher o vazio da cama e aquecê-la nas noites gélidas. Mais do que isso, os cachorros vão lhe ensinar o verdadeiro sentido de uma família: a lealdade, amor incondicional e o carinho.
Veja opinião de blogueiro: http://os-livros-da-minha-estante.blogspot.com/2007/06/relatos.html

Por hoje é só... Vitor (PY2NY) e Ana (PU2VYT).

8 de julho de 2007

Afundamento do Araraquara

Sou apaixonado pelos assuntos da Segunda Guerra Mundial, com uma biblioteca razoavelmente vasta nos tópicos correlatos. A “Folha de São Paulo” de hoje traz um relato comovente e matéria interessante sobre o afundamento do navio Araraquara, nas costas de Sergipe durante a noite de 15 de agosto de 1942, vítima do submarino alemão U-507. Aconselho a leitura do artigo na integra, no caderno “Mais” do jornal mencionado, que disponibilizou o texto histórico de maneira aberta e pública a qualquer interessado através do seguinte link: www.folha.com.br/071581. De 142 pessoas a bordo, 131 faleceram e nos dias próximos, mais dois ou três navios brasileiros foram a pique em virtude de ataques alemães, o que acabou por provocar a entrada do Brasil na guerra, por declaração de Getúlio Vargas em 31.8.1942. No total, durante aquele evento global, foram afundados 40 barcos brasileiros pelas forças do Eixo.

A Folha relembra que a população costeira se indignou com os corpos que vieram a praia, e apavorados com a hipótese de invasão por forças alemãs. De acordo com o jornal, também, Milton Fernandes faleceu em 1994, melancólico, e quase nunca tratava dessa passagem histórica com amigos e parentes.

RELATORIO DA ULTIMA VIAGEM DO NAVIO MOTOR "ARARAQUARA"
MILTON FERNANDES DA SILVA

Ás 14 horas do dia 11 de Agosto de 1942, zarpou do porto do Rio de Janeiro, com destino ao de CABEDELO e escalas em S. Salvador, Maceió e Recife, o navio-motor "Araraquara" sob o comando do capitão de longo curso, Lauro Augusto Teixeira de Freitas, levando á seu bordo 81 homens de guarnição e 96 passageiros.

No dia 13, quando em viagem RIO-BAHIA, ás 13 horas, achando-me de serviço, por ordem do Snr. Comandante, dei alarme para o serviço de salvatagem, o qual foi feito com a maxima presteza e absoluta ordem, não só por parte da guarnição como dos passageiros.

Fundeamos ás 2 horas e 5 minutos, no ancoradouro do porto do SALVADOR no dia 14. Ás 7 horas atracamos em frente do armazem nº. 5, iniciando-se, então, as operações de carga e descarga, ficando a sahida marcada para o dia seguinte ás 11 horas. Conforme fôra marcada no dia anterior, ás 11 horas do dia 15, deu o Snr. Comandante inicio a manobra de desatracação, seguindo-se com destino ao porto de Maceió onde deveriamos chegar ao amanhecer do dia 16. Apesar de fortes ventos, mar e chuvas constantes, a viagem corria normalmente,

Ás 21 horas, achando-se o navio quasi de trávés com a cidade de Aracajú, com o clarão da mesma á vista, eu dormia no meu camarote, quando fui despertado por um estampido ôco, seguido de estremecimento do navio. Levantei-me incontinenti, ainda com o barulho da explosão e tentei acender a luz, mas já não havia energia eletrica. Comprehendi, então, que o navio havia sido torpedeado. Vestia eu a calça do uniforme, por cima do pijama, quando aproximou-se o Comandante perguntando ao oficial do quarto, 2º. piloto, Benedito Iunes, o que havia acontecido. Foram estas as suas palavras: -"Que foi isto, Benedito?"

O referido oficial preso de grande nervosismo nada respondeu, tendo eu dito então:

- Fomos torpedeados, e o navio está adernando consideravelmente. Á este tempo a guarnição já se aproximava do passadiço aguardando a ordem do comando, que foi a seguinte:

- Ponham os colêtes salva-vidas e corram as baleeiras.

Foi executada imediatamente a ordem do Comandante:

Ao passar pela baleeira n. 1, em caminho da n. 3, da qual me cabia o comando, vi já iniciando o serviço de arriar a embarcação, o Comandante, o 1º. maquinista e outros que faziam perto da guarnição da mesma.

Quando chegava á baleeira n. 3, após ter passado aproximadamente 1 minuto da 1ª. explosão, estando o navio já bastante adernado para boréste, lado do mar, onde bateu o torpêdo, novo estampido foi ouvido, seguido logo por outra explosão que incendiou o porão n. 3, e derrubou parte do botequim, tendo a tolda do mesmo arriado sobre a minha baleeira, inutilizando-a completamente. Vendo a impossibilidade de arrial-a, pensei em salvar parte da guarnição, e subi ao této da ultima tolda á procura das balças, as quais, não encontrei, pois, já haviam cahido ao mar, dado a grande inclinação do navio. Voltei á baleeira, não encontrando mais a guarnição, pois, a mesma, vendo a impossibilidade de arrial-a, procurára outros meios de salvação. Ordenei então, aos passageiros que estavam desorientados que fossem para o outro bordo, e procurassem salvar-se da melhor maneira possivel, pois, aquela baleeira não seria arriada; dizendo mais, que me acompanhassem. Sahi de gatinhas pelo convés, seguido de varios passageiros e desci cuidadosamente pelas balaustradas das toldas até chegar ao costado que já se achava na horizontal, estando, assim, o navio completamente deitado. Corri até a quilha, fazendo-me ao mar, certo de que seria impossivel salvar-me. Nadei um pouco auxiliado pelos vagalhões que me afastavam rapidamente do navio. Parei e pude presenciar o mesmo, enterrar, ou melhor, mergulhar a pôpa, ficando completamente em pé e desaparecendo.

Não houve tempo para ser arriada nenhuma baleeira, tendo sido empregado todos os meios para isso.

Com o vácuo produzido pelo afundamento do navio, fui um pouco ao fundo, tendo bebido bastante agua com oleo e levado diversas pancadas com os destroços do mesmo. Quando voltei á superficie, e consegui respirar, agarrei-me a uma caixa que boiava, carga do porão n. 3. Nisto avistei um pedaço da tolda do botequim e nadei para êle, onde subi e pude recolher mais 3 pessoas, sendo: o 3º. maquinista, Eralkildes Bruno de Barros, o moço do convés, Esmerino Slina Siqueira e um oficial do exercito, passageiro do navio. Seguiamos á mercê das ondas, sem encontrar outras pessôas nas proximidades, á quem pudessemos recorrer. Fui então apanhando e colocando sobre a tabua tudo que passava á meu alcance, e que julgava ter alguma utilidade. Assim foi que apanhei uma pequena prancha, um cavalête, um saco de farinha de trigo e um balão defensa, do qual aproveitei o chicote do cabo para amarrar sobre as taboas a pequena prancha e o cavalête, para que o mar não os levasse, pois, os mesmos serviam de lastro, isto é, faziam peso na taboa, afundando-a, evitando que a crista das vagas as arrebentassem.

Durante toda a madrugada avistamos constantes clarões de explosões no local onde afundou o navio, explosões estas, que creio terem sido nas garrafas de ar comprimido e nos tanques de óleo. Continuamos sobre as taboas, notando que o mar nos aproximava cada vez mais para terra, sempre em frente a barra do Aracajú.

Assim passamos o resto da noite de 15, todo o dia 16, quando aproximadamente, ás 2 horas do dia 17, o marinheiro começou á dar signais de perturbação mental, pedindo alimento, dizendo ter ouvido bater a campainha para o café, depois tentou agredir o tenente, o que evitamos; em seguida, desesperado de fome e sêde atirou-se ao mar, sendo impossivel qualquer salvação. Logo após, o segundo tenente começou a demonstrar o mesmo sintoma, perguntando pelos colégas. Lembrei-me, então de indagar seu nome e êle respondeu ser Oswaldo Costa. Tentei acalmal-o, foi impossivel, atirou-se nagua. Com cuidado para não haver desequilibrio nas poucas taboas que nos restavam, agarrei-o pelas botas, conseguindo colocal-o novamente sobre as mesmas. No entanto, poucos minutos depois, colocando-se numa atitude agressiva, dizendo que eu e meu companheiro estavamos embriagados, que ia para casa, fez-se novamente ao mar, sendo desta vez, impossivel salval-o.

Restavam agora, na taboa, sómente eu e o terceiro maquinista. Assim, continuamos sempre avistando o clarão da cidade de Aracajú, para onde eramos levados.

Ao clarear o dia, quando já avistavamos as casas da referida cidade, a vazante do rio COTINGUIBA e o vento terral nos afastou para fóra, fazendo-nos cahir na rebentação dos bancos. Esta acabou de destruir as taboas e nos atirou nagua. Lutamos com a dita rebentação nadando sempre em busca da prancha, pois, esta ainda nos oferecia resistencia, mas ao aproximarmos, eramos atirados novamente á distancia, tornando-se, assim, impossivel agarral-a. Continuamos nesta luta, até aproximadamente ás 9 horas, quando avistamos uma corôa, para lá nos dirigimos. Notei que a maré enchia, e calculando que na préa mar, talvez não désse pé na dita corôa, e que estando fracos, pois, a 36 horas não dormiamos, nem nos alimentavamos, convenci ao meu companheiro que não devíamos descançar e sim nadar para terra, da qual já avistavamos o coqueiros. Assim ficamos sómente uns 10 minutos, afim de refazer as forças e fizemo-nos ao mar, nadando em direção da praia de ESTANCIA, onde chegamos ás 15 horas. Exausto, deitei-me na areia para dormir, julgando ter meu companheiro feito o mesmo, quando fui acordado para beber agua de côco vêrde que êle havia apanhado. Reanimado subi tambem ao coqueiro, derrubando 4 cocos, dos quais bebemos a agua e comemos a polpa. Em seguida puzemo-nos á caminhar, e depois de andarmos 2-½ léguas, encontramos a fazenda da BARRA de propriedade de Manoel Sobral, onde o administrador, Snr. Luiz Gonzaga de Oliveira, preparou jantar e nos ofereceu. Terminada a refeição, o dito administrador mandou dois de seus empregados numa canôa nos levar á cidade de S. Cristovão.

Durante a viagem, foi que conseguimos durmir um pouco no fundo da embarcação.

Ás 21 horas chegamos á dita cidade, e fomos recebidos pelo povo, apresentando-se, em seguida, o Snr. Prefeito, que nos encaminhou á sua residencia, obrigando-nos a fazer uma pequena refeição, enquanto aguardavamos a condução para proseguirmos a viagem até Aracajú. Pedi, então, que telegrafassem á minha família, participando que estava salvo.

Quando terminavamos a refeição, mais um sobrevivente do "Araraquara" apareceu; era o passageiro Caetano Moreira Falcão, que havia dado á praia, numa das balças, e foi recolhido por um pescador. Na referida balça, vinham mais dois passageiros, que morreram lutando com a rebentação. O Snr. Prefeito, levou-nos no seu automovel para Aracajú, onde chegamos ás 24 horas, encaminhando-nos ao Governador do Estado, com quem conversamos alguns momentos. Depois de deixarnos em palacio o colête e a boia salva-vidas que trazíamos comnosco, retiramo-nos para o hotel MAROZZI, onde ficamos hospedados.

No dia seguinte, fomos socorridos e medicados pelo medico do posto assistencia Dr. Moysés.

Fiquei 10 dias impossibilitado de me locomover, por ordem do medico e durante este periodo, outros náufragos foram chegando á Aracajú; disto era informado pelo Snr. Agente, Dr. Carlos Cruz, ao qual pedi que telegrafasse á Companhia, cientificando-a de tudo, assim, como, ás familias que me telegrafavam pedindo noticias dos seus.

Os outros sobreviventes foram os seguintes: José Pedro da Costa, barbeiro, que salvou-se sózinho em um pedaço de taboa; Francisco José dos Santos, marinheiro, e Mauricio Ferreira Vital, taifeiro, que salvaram-se numa das balças, trazendo consigo a passageira, d. Eunice Balman; José Rufino dos Santos, marinheiro, José Correia dos Santos, moço, e José Alves de Móla, carvoeiro, que chegaram á terra montados na quilha da baleeira n. 4, que flutuou emborcada depois do navio submerso, e traziam consigo a passageira, d. Alaide Cavalcante.

Varios cadaveres deram á praia, sendo fotografados pela policia e, dentre eles, pude identificar dois: o taifeiro, Celso Rosas e o cabo Caldeirinha, Pedro Vieira.

As baleeiras no. 1 e 2, tambem deram á praia, mas completamente vasias.

Dia 29, seguimos por ordem da Companhia, para a Bahia, ficando ahi hospedados á bordo do navio "Itaquera", de onde sahimos no dia 4 de Setembro, viajando por terra, com destino ao Rio de Janeiro, onde chegamos ás 23 horas do dia 10.

Consta na cidade de Salvador, que os tripulantes do hiate e da barcaça que foram abordados, sendo a ultima bombardeada, identificaram como de nacionalidade alemã a guarnição do submarino, ficando assim provado e reconhecido os covardes que torpedearam no espaço de 48 horas, 5 navios de passageiros, completamente indefesos.

Rio de Janeiro, 15 de setembro de 1942.

30 de junho de 2007

Relato Rápido

DL, Alemanha; HB9, Suíça; I, Itália; HB0, Liechtenstein; OE, Áustria – Junho de 2007.
- postagem re-editada em 01.julho.2007 11h35min

Estivemos, Ana e eu, na HamRadio 2007, Friedrichshafen (DL). A HamRadio coroou um passeio de 9 noites, iniciado em Zurique (HB9), passando por Interlaken (HB9), Chur (HB9), Tirano (I), Vaduz (HB0), e Bregenz (OE). Aliás, no dia 21 de junho, passamos “territorialmente” por quatro desses países, saindo de Chur (HB9) pela manhã, alcançando Vaduz (HB0) no almoço, parando em Bregenz (OE) a partir de 14h00min e alcançando a região de Kressbronn (DL) por volta de 18h00min. Em Vaduz, compramos um vinho rosé já consumido aqui em casa e que certamente não será encontrado em nenhum outro lugar :-) dada a dimensão territorial do pequeno Principado, cuja atração arquitetônica principal não pode ser visitada – é residência oficial dos príncipes desde a Idade Média. Veja que foto bonita no cartão QSL de um radioamador local, que coloquei nesta postagem.


Se quiser conhecer nosso hotel em Kressbronn (DL), acesse


Nosso hotel em Chur (HB9), do século XVI, está em
http://www.freieck.ch/index.php?langId=2


Tirano (I) só fez parte do roteiro por ser ponto final de uma das mais belas viagens de trem na Europa, a famosa Bernina Express. Aliás, nessa viagem, consegui descer do trem numa das paradas intermediárias e “perder” o dito cujo, ficando ao “Deus-Dará” na pequenina Alp Grum
http://www-us.flickr.com/photos/steve_and_jody/57201424/in/set-1238826/


Aqui nesta pequena e rápida postagem, basicamente destinada aos radioamadores, incluo o link para arquivos PDF e MP3 que foram utilizados numa espécie de competição virtual em fonia (SSB). Os convivas faziam uso do fone de ouvidos e tentavam copiar os indicativos transmitidos, sendo classificados de acordo com seu desempenho. Curiosamente, comportei-me melhor no primeiro dia, rendendo menos no segundo. Todavia, fiquei satisfeito por posicionar-me próximo a grandes nomes do radioamadorismo mundial e o melhor de tudo, confraternizar com eles...


Infelizmente, o acesso se dá obrigatoriamente pelo site do Bavarian Contest Club, dentro de um artigo em alemão (sorry!). Os arquivos, todavia, são fáceis de serem identificados, com os respectivos ícones. Vale a pena ouvir os arquivos e verificar as performances:



Espero ter tempo para realizar uma postagem mais completa e com fotografias. Estou atrasado com a postagem de Dezembro de 2006, sobre a visita aos famosos vinhedos da Borgonha (França), entre Dijon e Beaune...


Grato por perder seu tempo aqui.
Vitor e Ana

5 de junho de 2007

Youtube PY2AA - October 2006

Até agora não disponibilizei um link com o vídeo da operação PY2AA durante o CQWW SSB 2006, competição radioamadorística em outubro de 2006, quando recebi os amigos PY2APQ (Pindamonhangaba), PY2DEZ (São Paulo) e PT2AW (Brasília), aqui em minha casa. Divertimo-nos às pampas, e os diligentes fotógrafos conseguiram me apanhar em flagrante delito, acostumados a não ouvir palavrões deste nobre senhor :-)

Foi, com certeza, um final de semana maravilhoso e a edição do filme ficou maravilhosa. Parabéns ao Marcos, PY2DEZ, pelo magnífico trabalho. Convido a todos para assistir ao filme de cinco minutos:

http://www.youtube.com/watch?v=2sW5ZLziRt4

Resta ainda, uma observação sobre a última postagem, a respeito do conteste de VHF no último final de semana: toda a primeira hora da competição foi literalmente perdida por “munhecada” deste operador de CW, que permaneceu todo esse tempo ao redor de 144.100 mhz, chamando para ninguém !!

3 de junho de 2007

Concurso CBVU VHF

Participamos do Concurso CBVU de VHF aqui de Jaboticabal, na categoria multi-operador e usamos meu indicativo (PY2NY) para tanto... Eu queria muito fazer alguns contatos em CW (telegrafia), e a estação de PY2EPC é perfeita em VHF, pois está no ponto mais alto da cidade, com direcional em polarização vertical e quadra cúbica na polarização horizontal, além da melhor antena de VHF/UHF do planeta, a GP9 da Comet.

Mas devo dizer que é admirável a paciência dos operadores de VHF num conteste dessa magnitude num país de dimensões continentais como o nosso, com os participantes tão distantes uns dos outros. Em três horas de atividade consegui uns 15 contatos e a muito custo, bem ao oposto do que ocorre nas atividades em ondas curtas (HF), com 1.200, 1.500, 2.000 comunicados em 20 ou 30 horas de participação.

Depois da telegrafia, nossos colegas PY2VZ, PU2MXU, PY2ZR, PY2RH, e o proprietário PY2EPC prosseguiram na árdua batalha de conseguir mais contatos em SSB e FM... Foi realmente uma experiência impar e agradeço a todos que nos contataram... Nas duas primeiras horas, usamos um Icom 746-PRO do OH2MM, que estava guardado em minha casa para quando o Ville se estabelecer em definitivo no Brasil. Depois, prosseguimos com o Icom 706-MKIIG do Edvaldo PY2EPC. A potência usada foi sempre de 100 watts e o programa de registro de contatos, adaptado, foi o N1MM.

Na minha modesta opinião, talvez fosse interessante, dado o número de convivas, realizar a atividade num período de 24 horas apenas, e nesse mesmo espaço, incluir as três modalidades.

Isto daria mais tempo aos dx-pedicionários em seus preparativos, concentraria os contatos e exigiria mais dos operadores, tecnicamente e operacionalmente falando... Mas este sou eu, operador convicto de ondas curtas e absolutamente leigo em VHF.

Espero colaborar com os colegas de Jaboticabal no próximo ano... Seguem aqui algumas fotografias que foram batidas durante as horas em que estive na estação do colega citado. Para quem não me conhece, sou o sujeito de camiseta vermelha e boné, fingindo que faz dezenas de contatos... O rádio aparece ao lado de um amplificador linear de 100 watts de potência.

fotografias dos colegas que passaram pela PY2EPC. Saudações e parabéns a todos que tentaram participar do evento. O importante é estar presente.

Vinhos em casa...

Como de hábito, não tenho encontrado tempo livre para escrever aqui no blog. Quase sempre o assunto é relacionado aos vinhos e hoje, baixando as fotos armazenadas na câmera fotográfica, encontrei Casillero del Diablo 2005, Montes Alpha Chardonnay 2005 e o Coonawarra 2001.

Casillero del Diablo 2005 Cabernet Sauvignon, da Casa Concha y Toro (Chile) foi considerado pela revista inglesa Decanter como “Melhor Best Value do Planeta”: - produzido em quantidades impressionantes mas respeitando os mais exigentes padrões de qualidade. Consideramos, Ana e eu, um Cab com certa agressividade, que talvez mereça ser aberto meia hora antes de servir. Compramos ao custo de R$ 27,00 por unidade, no Makro em Ribeirão Preto, provando assim que é perfeitamente possível encontrar vinhos muito bons em supermercados. A revista americana Wine Spectator já teve condições de analisar esse Casillero e concedeu 85 pontos. Sempre bom lembrar a classificação WS: 85-89, muito bom, um vinho com qualidades especiais; 90-94, surpreendente, um vinho com característica superior e estilo; 95-100, clássico, o grande vinho. A análise WS em resumo decreta: notas de figo e pimenta preta, suportadas por uma base argilosa. Um final suculento faz com este vinho permaneça no paladar. Beber agora. 1.300.000 caixas produzidas. Das três garrafas que adquirimos, duas já foram consumidas.

Vamos agora ao Chardonnay Montes Alpha 2005, da Vinícola Montes (Chile). São 89 pontos na Wine Spectator. Adquirida uma garrafa na Cucina di Tullio Santini, lembrando sempre aos amigos de Ribeirão Preto e região que o maitre e sommelier Júnior é responsável pela Boutique do Vinho naquele restaurante. Procure por ele no telefone (16) 81489152 e descubra ótimos vinhos com preços muito convidativos. Acho que escrevi já sobre o Montes Alpha 2005, mas ele tem um ótimo final e é vendido a ótimo custo. Vale a pena para acompanhar pratos encorpados de pescados, frutos do mar, ou mesmo aves com temperos mais requintados.

O Angove’s 2001 Cabernet Sauvignon Coonawarra (Austrália) não é um vinho cotado na WS, mas é um produto com o qual Ana e eu nos deparamos há uns dois ou três anos, na mesma época em que compramos nossas primeiras garrafas de um pequeno produtor neo-zelandês: Schubert. Esse Cab Sauvignon é repleto de especiarias, tem um nariz forte com tons de café e chocolate amargo, e enche a boca com sua complexidade. Todavia, sentimos que a vindima 2001 já está passada e o vinho perdeu um pouco de sua grandeza. Nosso fornecedor para este Vinho foi a WorldWine, loja de Ribeirão Preto. Aliás, a La Pastina, grupo proprietário da WorldWine, fará realizar uma festa para os 60 anos de atividade e ao que parece, seremos convidados para o convescote na capital paulista.

Esta postagem foi elaborada em 03 de junho de 2007, às 13h00min, enquanto se prepara uma pasta Divella Pepperoncino, comprada no supermercado da Nova, aqui em nossa cidade. A massa é naturalmente apimentada, durante o processo de produção. Trata-se de produto italiano, importado para o Brasil e tem o gosto da pimenta bastante pronunciado, mas sem prejuízo do preparo com molhos menos condimentados. Como consumimos muito vinho na noite, esta “macarronada” será acompanhada de suco de uva Del Valle.



É isso aí.

21 de maio de 2007

Motorcycle (Por/Eng)

Rápido Passeio (Eng/Por)

Pois então, no domingo pela manhã, resolvemos dar uma voltinha de moto, bem rápida. Saímos de Jaboticabal por volta de 11h30min, deixamos a cidade e seguimos na direção de Pradópolis. Na altura do trevo da Usina São Carlos, viramos à direita no sentido de Guariba. Não paramos na cidade e continuamos até a rodovia Faria Lima, novamente rumando para Jaboticabal. Paramos no novo trevo da Usina Santa Adélia, onde tiramos a fotografia que vemos estampada nesta página. Tocamos até o Restaurante do Dedão, onde chegamos por volta de 12h10min., para o almoço. Tivemos sorte de encontrar uma mesa embaixo das árvores, com muita sombra, e além da refeição, aproveitamos o calor para tomar duas cervejas Erdinger, uma branca e outra escura, com graduação alcóolica entre 5,3% e 5,6%, no total de um litro (500ml cada garrafa). Por volta de 13h30min já rumávamos de volta a Jaboticabal. Para longo prazo a pedida é trocar a Honda Shadow VT 600 C por uma gigante das estradas: Harley Davidson Road King Classic – uma clássica sob todos os aspectos e combinação ideal para motociclistas de meia-idade :-)

Consumimos uma boa garrafa de Chardonnay 2005 Montes Alpha (Chile) no domingo a noite, com um prato de camarão no bafo e arroz com shitaki. Fotografei o rótulo e em outra hora coloco por aqui. Compramos com o Júnior na Cucina di Tulio, na última quinta-feira a noite. Mais agressivo do que esperávamos, mas perfeito acompanhamento para o prato. Segundo WS (89 pontos): notas de pera, maçã e “crosta de torta” em fundo cremoso. O ligeiro tostado do final deixa que os tons minerais saltem. Boa permanência. Beber imediatamente. 15000 caixas produzidas.



Godspeed!

Finally, last sunday morning, we decided to run around with the motorcycle. We left Jaboticabal 11h30min, followind in the direction of Pradopolis city. At the Guariba city and São Carlos Sugar Cane plant exit, we turned at right going to Guariba city. We don´t stop there and continue until Faria Lima highway, heading again for Jaboticabal. We stop in the new Santa Adelia Sugar Cane Plant bifurcatin, where we take the picture printed in this page. We take our way Dedão Restaurant, where we arrive 12h10min for the lunch. We had luck to find a table under of the trees, with a lot of shade, and beyond the meal, we drunk two Erdinger beers, a white and another dark one, with alcoholic graduation between 5,3% and 5,6%, in the total of one liter (500ml each bottle). Was 13h30min already when we headed in return to Jaboticabal. Looking for a distant future, our dream will be changing the Honda 600 Shadow VT C for a giant of the roads: Harley Davidson Road King Classic - a classic under all the aspects and ideal combination for bikers of middle-age: -)

At the night of the same day, we consume a bottle of good Chardonnay 2005 Montes Alpha (Chile), with a plate of steamed shrimp and rice with shitaki. I photographed the label and in another hour I will show here. We bought that bottle with Júnior, from Cucina di Tulio, last thursday night. More aggressive of what we waited, but perfect accompaniment for the plate. WS (89 points): Pretty pear, apple and piecrust notes on a creamy frame. Judicious toast on the finish lets the minerality come through. Nice length. Drink now. 15,000 cases made.

15 de maio de 2007

O que é o Radioamadorismo?

Eis uma boa entrevista em TV com grandes amigos meus, de Sorocaba. Para quem não sabe, sou nascido naquela cidade, há 41 anos e alguns meses. O vídeo que disponibilizo através do link mais abaixo, mostra Hamilton, Rafael e seu pai Nilson em um artigo televisivo que, superficialmente, dá uma amostra sobre o hobby que pratico desde 1981. Devo dizer que sou razoável operador em telegrafia desde 1982 e que o Hamilton esqueceu de mencionar que a internet não tem "desafio", ao contrário das ondas do rádio, que são instigantes e nos obrigam sempre a estudar algo sobre antenas e propagação. Rafael já operou de minha casa em Jaboticabal, conseguindo a primeira colocação mundial numa dessas competições mencionadas na entrevista por Ton. O vídeo têm quatro minutos e não tomará muito de seu tempo. Divirta-se... Clique no link abaixo:


http://www.youtube.com/watch?v=ywhOCpkuH38

14 de maio de 2007

Work Wine Work Wine

Vinho, Trabalho, Etc...

Esta postagem será como uma colcha de retalhos. Vamos tratar de nosso jantar com Cláudio e Lúcia, e da degustação com André e Geraldo (e suas senhoras), sempre no Tullio Santini em Ribeirão Preto. Temos o carinho que Júnior e a equipe de Tullio Santini nos dispensa a cada visita. Que tal as peculiaridades do serviço público numa cidade com população urbana de cinqüenta mil pessoas?

Já há um ou dois anos estamos insistindo com os colegas que integram o grupo de enófilos de Jaboticabal, quanto a uma reunião especial na “Cucina di Tullio Santini”, em Ribeirão Preto. Não são poucas as passagens neste blog mencionando essa cantina italiana, reconhecida pela revista Quatro Rodas. Ana e eu somos clientes assíduos, e somos sempre maravilhosamente bem recebidos nesse restaurante, comandado por Tullio e sua esposa Diana. A cozinha há algum tempo, tem o pulso firme do Guilherme e o responsável pela orquestra no atendimento ao público é o Júnior, jovem pai da Evelyn, cuja foto vai lançada alhures.

Não é fácil encontrar as condições adequadas para reunir quatro casais. Mas há um mês, pouco mais ou pouco menos, fizemos a proposta para Vitor e Eliana, Cláudio e Lúcia, e Pedro e Sonia, da Confraria do Vinho de Jaboticabal. Embarcaríamos em uma viagem enogastronômica pela cantina italiana do Tullio, mas Eliana foi surpreendida por problemas de saúde; Pedro teve seus problemas de ordem profissional e, por conseqüência, o grupo se reduziu a quatro pessoas: Vitor/Ana e Cláudio/Lúcia.

Mesmo assim, resolvemos não abandonar a idéia. Era uma sexta-feira (e o pior, treze – 13.4.2007), e comigo ao volante, Cláudio e Lúcia poderiam ficar mais a vontade e menos preocupados com a viagem. Foram quarenta minutos de ida e outros tantos para o retorno. Chegamos ao restaurante por volta de 20h30min aproximadamente e, conforme a reserva, ficamos à vontade com uma mesa que acomoda normalmente seis pessoas.

Começamos a noitada com um maravilhoso vinho branco chileno, varietal Sauvignon Blanc, Amayna (vide http://www.vgs.cl/) , cuja safra, salvo engano, era 2005. Videiras plantadas em solo pobre, recebendo diretamente a brisa do oceano Pacífico, com potencial aromático impressionante e muita intensidade, refletindo os aromas florais e de frutas exóticas, jovial e amanteigado, com surpreendente conjunto ao nariz, deu-se muito bem com o prato de entrada: salada de rúcula, alface, pêra, salmão defumado, mussarela de búfala, queijo prima Donna, manjericão, acetto balsâmico di Modena (15 anos) e gengibre. Que modo maravilhoso de iniciar a noite! Depois das primeiras taças, começamos a nos descontrair e a conversa começou a fluir...

Passamos então para um vinho Rosé espanhol de Julian Chivite (http://www.chivite.com/), o Gran Feudo 2005, agradabilíssimo. A revista Gula reconheceu oportunamente que “Não há porque alimentar preconceitos contra os rosados de boa qualidade. Universais como acompanhamento de comidas, aromáticos, estimulantes, refrescados são muito indicados para o calor. Não é à toa que nos países em volta do Mediterrâneo são muito apreciados e perfeitos para a culinária dessa região, seja do mar ou da terra”. O Rosé da Casa Julian Chivite é assim, exibe frescor, é aromático, tem corpo e é elegantemente seco, com preço super acessível. Foi então que tivemos a primeira briga na mesa, mas esperem! A briga era para harmonizar prato e taça! Isto porque Guilherme (no comando da cozinha) resolveu incrementar o prato que Júnior havia sugerido: o ravióli de salmão com molho de manteiga e sálvia, recebeu como incremento um tempero de maracujá que simplesmente levou o prato às alturas, fazendo com que sobrepujasse o vinho. Mas como nos sentimos recompensados pela inovação culinária.

Vejam outra opinião sobre o Gran Feudo rosado em http://www.tintoyblanco.com.au/?p=117

É bom abrir espaço para mencionar que o cardápio fora especialmente preparado para os quatro convivas ali presentes. Os pratos não estão na carta habitualmente servida no restaurante, e esse foi um mimo especial do Júnior. Vejam em uma fotografia o capricho da sugestão de pratos e vinhos...

Pois bem, era chegado o grande momento, com o prato principal. Talvez alguém possa se assustar com a quantidade de comida, mas na realidade fizemos um menu-degustação, ou seja, na realidade foram servidas meias porções para permitir o deleite e a experimentação.

Para o Gran Finale, tínhamos a opção da paleta de cordeiro com papardelle ao molho de espinafre com leite e amêndoas, coberto com queijo padano italiano. Um prato requintado que, por assentimento geral, teve a carne substituída para vitelo. Um prato forte que exigia um vinho a altura e nossos acompanhantes permitiram algumas sugestões. Depois de acalorados debates, fechamos o leque de escolha entre dois tintos dignos: (Argentina) Luca, varietal Syrah 2002 e (Califórnia) Seghesio, varietal Zinfandel 2002. Estes vinhos são cotados pela revista “Wine Spectator” http://www.winespectator.com/ com 92 pontos e têm custo abaixo de R$ 100,00 por garrafa, ou seja, relação custo-benefício ótima...

Nossos companheiros de noitada acataram a sugestão pelo Zinfandel californiano, talvez não colocando muita fé... Mas eu e Ana já havíamos provado esse vinho, e sabíamos de seu potencial, em especial para combinar com o prato mencionado. E não deu outra! Foi maravilhoso! Podem perguntar a Cláudio e Lúcia...

Vejam o que a “Wine Spectator” fala a respeito do Seghesio Sonoma Zinfandel 2002 (tradução livre): Maravilhoso balanço e senso de elegância, it offers vivid ripe fruit flavors que são ricos e complexos, with spicy black cherry, blackberry, pomegranate, ervas and sage notes that add flavor dimensions e complesidade. Firm, but ripe taninos adicionam estrutura, permitindo que a fruta se sobressaia. Beba agora ou até 2009. 48000 caixas produzidas. Este vinho integrou a famosa lista do Top 100 dessa publicação, em 2004, na posição de número 11. Veja a lista completa em:
http://www.winespectator.com/Wine/Wine_Ratings/Top100/Top100_Main/0,4460,2004_R_brief,00.html

Nossa diversão se aproximava do final e nem parecia que tínhamos passado tanto tempo juntos, num ambiente tão agradável. Para selar de forma magnífica nosso passeio, adquirimos em

conjunto duas garrafas de vinho tinto e nos prometemos abri-las oportunamente em uma reunião caseira, talvez para acompanhar uma paella. Se você está curioso para saber quais os vinhos que compramos, eis a resposta: a) uma garrafa de Seghesio Sonoma Zinfandel 2002 e b)




uma garrafa de Luca Syrah Altos de Mendoza 2002. Isto fará com a reunião se torne quase que uma obrigação, mas prazeirosa, é claro... Se vocês desejam adquirir grandes vinhos a custos convidativos, é só procurar o Júnior na Cucina di Tullio Santini (16-36236361). Para quem não conhece a filhinha do Júnior (o sujeito tem cara de moleque e já é pai, pessoal!), estampei aqui em algum lugar a fotografia da jovenzinha, com uma cara de quem pergunta - "onde está meu pai? será que esse povo de Jaboticabal não deixa ele voltar mais cedo p'ra casa?".

Pagamos a conta, pegamos os vinhos (eu trouxe ainda uma Seghesio extra para a adega), entramos no carro e paramos logo após no Mousse Cake, perto da Av. Getúlio Vargas. Uma água aqui, um expresso ali, um chocolate gelado para mim e mais um bate-papo. Depois, hora da estrada. Chegamos a Jaboticabal por volta de 01h30min da manhã, absolutamente satisfeitos. Esperamos que nossos amigos tenham se divertido e lastimamos que o projeto inicial, de reservar a famosa saleta, não tenha ainda saído do papel... Só depende de vocês.

Agora, a parceria para manutenção da Confraria dos Vinhos de Jaboticabal parece que não agüenta a agenda agitada de todos os antigos membros. Oficialmente, é chegada a hora de dar cabo ao projeto, e mantermos apenas a designação de “Encontro de Amigos do Vinho”, sem maiores compromissos de avançar, como já o fizeram alguns de nossos companheiros em Araraquara, unindo-se à Associação Brasileira de Amigos do Vinho, que reúne “confrarias” de todo o país.

Pensava em escrever algo a respeito do trabalho, mas não tenho mais cabeça para isto, ao menos nesta postagem. Mas quero registrar que, com tristeza, o Estado não tem dado a devida atenção aos cidadãos, quando se lança a reduzir o número de serventuários em suas repartições. A grande dificuldade, no entanto, é fazer com que o cidadão distinga entre servidor público vagabundo e aquele que trabalha muito. Neste particular, há que se reconhecer o valor de 90% dos colegas que servem na Justiça do Trabalho deste Estado, mais particularmente o Tribunal Regional do Trabalho a que sirvo (com sede em Campinas e 127 Varas em todo o interior). Aqui, em Jaboticabal, somos duas Varas com novo número máximo de funcionários limitados a oito, o que é verdadeiramente incompatível com a realidade local e com o histórico de 28 anos da Justiça do Trabalho nesta cidade.

Ainda assim, e desanimando a cada nova notícia desalentadora como a da redução no número de colegas, é de se lançar o fato inequívoco de que, a médio e longo prazo, não teremos mais condições de oferecer o trabalho ao povo com a mesma desenvoltura dos dias atuais. As reclamações de advogados e partes serão uma constante e a culpa, no mais das vezes, será sempre imputada aos servidores e Juízes.

Nem por isto, o trabalho ou o gosto por ele diminui. Já tive tempo de afirmar aqui ou acolá, e sem modéstia, que é impossível arrumar outros loucos como eu próprio, submetendo-me a 11/12 horas diárias de trabalho sem paradas para almoço ou até mesmo para as necessidades fisiológicas... É isso mesmo, viciei a tal ponto que banheiro só quando dói... Milagrosamente, nos últimos dois meses, consegui ir ao Mamma Mia em três ou quatro ocasiões, quebrando a seqüência de quase sete meses sem a refeição do meio-dia.

Pois bem, devagar com o andor que o santo é de barro. E agora é São Galvão! Estivemos, o MM. Juiz da Vara e eu, visitando o complexo agro-industrial da Usina São Martinho, em Pradópolis. Foi uma experiência maravilhosa, após onze anos como Diretor de Secretaria em Vara cuja principal clientela é rural, conhecer algo mais sobre esse setor econômico recém elogiado pelo presidente da República, de quem divirjo no que diz respeito ao conceito de “heróis”. Terei tempo, nos próximos meses, de publicar uma postagem mais completa sobre a visita, com um grande número de fotos que estarão disponibilizadas aos leitores.