17 de agosto de 2008

Terapia ocupacional!

Saudade do Pessoal

Alô Gracinha, Gilberto, Roselene, Brígida, Sílvia, Daniel, Anita, Paulinho, Silvana, Rodrigo. Muita saudade dos colegas de Secretaria. Agora que trabalho sozinho e sem muitas coisas para fazer ao mesmo tempo, sinto saudades dos bons companheiros. Tenho orado constantemente para que tudo na vida de vocês seja muito melhor agora do que durante o tempo em que liderei essa equipe bacana. Quando a gente se coloca de volta no papel que exerceu antes da Direção, sente como é difícil para o "gerente" capitanear tantas personalidades diferentes, e ao mesmo tempo, curti-las.

Mas enfim, o que vale é que os amigos saibam que a saúde está melhorando aos poucos, com auxílio dos medicamentos, e que o acompanhamento psicológico é realmente interessante, embora eu mesmo duvidasse de resultados. Já estou retomando as atividades físicas, praticamente em todos os dias da semana, e doido como sempre fui, já estou trabalhando mais do que a jornada estabelecida por meu novo Chefe.

Estou feliz por trazer n´alma a convicção de ter deixado algo de bom pelo caminho, e que nada alterará esta realidade. Também, que a convivência com grupo tão diverso de pessoas terá servido, reciprocamente, para o engrandecimento de nossas vivências. Jamais esquecerei nossas aventuras na "Cucina di Tullio Santini" em Ribeirão Preto, as churrascadas, as festas...

Valeu a pena. Lembram-se de Fernando Pessoa em seu belíssimo "Mensagem"? Eis aqui um trecho que nos mostra a necessidade de nos mantermos alertas, fortes, com a auto-estima preservada, para enfrentar os problemas ou para alcançarmos algo que consideramos distante. É de "Mar Português":

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.



12 e 13 de Agosto de 2008

Últimos dias de licença-saúde, a primeira licença com mais de um dia que tirei em mais de quinze anos no serviço público federal. Na terça-feira apresentei-me ao novo Diretor, Jaime, na 2ª Vara do Trabalho de Sertãozinho, para trabalhar algumas horas sem apontamento e me ambientar (terapia ocupacional?). Os vencimentos de prazo foram prioridade. Fui de carro na terça e de moto na quarta-feira; realmente nada supera a terapia do trabalho. Os colegas de Secretaria foram muito gentis, e pude trabalhar num canto sem incomodar ninguém. Pelo fato de não mais exercer múltiplas tarefas ao mesmo tempo, pude resolver grande número de problemas nos "vencimentos" em pouco tempo.


14 de agosto de 2008

Início oficial de atividades na 2ª Vara do Trabalho de Sertãozinho (conforme publicação do Diário Oficial http://www.scribd.com/doc/4621783/Diario-Oficial-de-07ago2008), com jornada diária de sete horas, e voltando, após quatorze anos, a assinar o livro-ponto. Enquanto o horário de verão não chega, viajaremos Ana (minha esposa) e eu em um só carro, geralmente estacionado a poucos metros do edifício do Fórum. A viagem dura de 25 a 30 minutos, dependendo do trânsito e há pedágio na ida e na volta; são aproximados 45km de percurso. Sob ordens do Ilmo. Senhor Diretor de Secretaria, prossegui com vencimento de prazos e são poucas as sugestões ao Exmo. Juiz que voltam com alguma correção, visando me adequar às particularidades da Vara.

À noite, e acompanhado de dois médicos amigos, seguimos em Van para Ribeirão Preto. Degustamos quatro vinhos da Borgonha (França) e jantamos na World Wine, loja especializada em vinhos naquela cidade. Segui rigorosamente a orientação dos amigos, e apenas nesta noite, não consumi a meia pastilha de Lexotan, e nem a pequenina pílula de Tryptanol. A bem da verdade, o grupo de convivas era grande: Osvaldo e Adriana, Pedro e Sônia, Cláudio e Lúcia, Victor, Ana e eu; ficamos apenas sem a companhia da esposa do Victor, Eliana, que está na Austrália a trabalho, por conta da UNESP. E não podemos esquecer o motorista, o Zé... Nada seria possível sem ele, haja vista a lei seca. Foi uma noite muito agradável, e especial, por dividir com os amigos a paixão especial que temos pelos bons vinhos. Se não me engano, começamos com um Chablis 2006 de Laroche, passamos para um Bourgogne 2004 de Dufouleur, entramos com um Savigny-les-Beaune 2004 de Pavelot e fechamos com um grande Fixin.


15 de agosto de 2008

Fundação de Sorocaba (minha terra natal) e feriado em Belo Horizonte, segundo me confidenciou Harley, Assistente de Juiz da 2ª Vara do Trabalho de Sertãozinho. Muito calor ali na cidade. Muitos prazos a vencer, e ao final do dia, uma conversa privada com o Excelentíssimo Juiz Titular da Vara, para agradecer a maravilhosa recepção havida.

Ao chegarmos em casa, preparamos as malas para visitarmos nossos parentes em Sorocaba e Araçoiaba da Serra, no dia seguinte. Encomendamos aquela pizza do Oscar e comemos como condenados. Não tenho dúvida de que o restabelecimento de meu apetite se deve ao Tryptanol, como previu o clínico-geral, Dr. Luís Antonio.


Mais de Elio Gaspari em 17 de agosto de 2008

Já tive oportunidade de indicar aos amigos leitores a coluna de Elio Gaspari aos domingos, na Folha de São Paulo. Os livros que ele indica, volta e meia, em sua coluna, são valiosíssimos na formação de qualquer cidadão. Minha área de interesse principal é a Segunda Guerra Mundial, e por incrível que pareça, após ter comprado a magnífica obra "Pós-Guerra" de Tony Judt http://py2ny.blogspot.com/2008/05/livros.html, eis que agora se me apresenta mais uma novidade. Vejam o que ele diz sobre um famoso repórter de Guerra e preparem seus bolsos – comprem o livro:

GROSSMAN, O GRANDE REPÓRTER DA GUERRA (Elio Gaspari)

Saiu um bom livro com a história de um grande jornalista sobre o maior combate da história humana, a frente russa de 1941 a 1945, com seus 30 milhões de mortos. É "Um Escritor na Guerra – Vasily Grossman com o Exército Vermelho", de Anthony ("A Queda de Berlim") Beever e Luba Vinogradova.

Grossman (1905-1964) foi para a frente logo que a guerra começou e, até entrar em Berlim, passou por Stalingrado, Kursk e pelo que fora o campo de concentração de Treblinka. Durante todo esse tempo, mandou reportagens para o jornal "Estrela Vermelha", cartas para a família e preservou seus cadernos de anotações. Beever trabalhou em cima desse material e produziu o que pode ser o melhor livro sobre o trabalho de um jornalista durante uma guerra. Pudera, pois além de ser um excepcional repórter, Grossman escreveu o romance "Vida e destino" (infelizmente inédito em português), obra comparada a "Guerra e Paz", de Leon Tolstói. Ele acompanhava soldados e generais de carne e osso, perto das balas. Nada a ver com as fanfarronadas de Ernest Hemingway. A entrada do repórter em Kiev, onde deixara a mãe, e sua narrativa do massacre dos judeus (como ele) são uma aula de emoção contida.

Grossman descreve a Alemanha derrotada sem orgulho ou prazer: "Há muitas jovens chorando. Aparentemente, sofrem pelo que lhes fizeram nossos soldados". Ele entrou no gabinete de trabalho de Hitler no dia 2 de maio de 1945 e afanou alguns carimbos. Um dizia: "O Führer concordou".

Num tempo em que uma parte da humanidade virou bicho, Grossman contou duas histórias de bichos que valem o livro. Em Stalingrado, conheceu Kuzchenik, o camelo de um soldado cazaque. O animal entrincheirava-se durante os bombardeios e fora ferido três vezes. Um comandante disse que condecoraria Kuzchenik se ele chegasse a Berlim. Ele foi e cuspiu na escadaria do Reichstag.

Antes de voltar para Moscou, Grossman foi ao zoológico da cidade e viu uma gorila morta.

- E ela era feroz? Perguntou ao tratador dos macacos.

- Não. Ela apenas rosnava muito. As pessoas são mais zangadas.


Disco da Noite (17.8.2008)

"Brahms para Milhões", originalmente de "Deutsche Grammophon" e lançado no Brasil pela Phonogram em 1972, parte de uma coleção "para Milhões". Destaque para as "Danças Húngaras 5 e 6" na interpretação da Filarmônica de Berlim, com regência do magnânimo Herbert Von Karajan. Atenção – LP (long play) de vinil, 33 rotações por minuto, para tocar na vitrola CCE com grandes caixas acústicas de madeira.

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