Em breve, substituiremos Juízes por  computadores e serventuários por robozinhos. Mais um clipping produzido pelo TRT  da 15a. Região, com corte direto para o posicionamento do presidente do STF e  CNJ, Gilmar Mendes... Ao menos, o Excelentíssimo Presidente da Suprema Corte  permite o uso da "criatividade" e isto já fazia parte de minha atividade,  enquanto fui Diretor de Secretaria na 1a. Vara do Trabalho de Jaboticabal.  Agora, já não é problema meu.
  
 Clipping On Line
 "Fala a verdade, mesmo que ela esteja contra ti."
 Alcorão
  
 Decisão do CNJ  causa polêmica
 Cortes gaúchas manifestam seus  pontos de vista
 Decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgada na  última semana, restringiu contratações nos tribunais brasileiros. Segundo o  presidente do Conselho, ministro Gilmar Mendes, a intenção é acabar com a idéia  de que judiciário célere precisa de mais magistrados, mais servidores e mais  prédios novos. A medida do CNJ dividiu a opinião das cortes gaúchas: por um  lado, impõe rigidez no aumento de estrutura e representa economia; mas também,  com alta demanda processual, devida à democratização da Justiça, há defasagem  nos quadros de pessoal.
 Na análise dos pedidos de contratação, o CNJ vai considerar a  realidade de cada tribunal, comparado ao desempenho médio dos demais. Ao  solicitar mais cargos, o tribunal deve apresentar uma análise dos processos por  servidor e por juiz. Também deverá ser levada em conta a eficiência do tribunal,  o quadro orçamentário e a garantia de acesso da população. Antes de pedir  servidores, os tribunais terão de avaliar suas rotinas e procedimentos internos.  Terão de descentralizar o atendimento ao cidadão, hoje concentrado em suas  sedes, garantindo ainda o acesso nas cidades do Interior.
 O Judiciário gaúcho tem a maior litigiosidade do país e o  número de processos novos por desembargador é o triplo da média nacional. Para  se ter uma idéia, em 1998 ingressaram na Justiça gaúcha 1,023 milhão de  processos. Em 2007, esse número saltou para 2,525 milhões. Hoje, a instituição  tem 1.516 cargos vagos de servidores (1.171 no 1º Grau e 345 no 2º Grau) e 116  de magistrados (115 no 1º Grau e um de desembargador).
 O Tribunal de Justiça do RS recebeu as mudanças com  tranqüilidade. Segundo o presidente do Conselho de Relações Institucionais e  Comunicação Social do TJ, desembargador Voltaire de Lima Moraes, quando o  assunto é criação de cargos, há longo debate. 'Vários aspectos são analisados  até a tomada final de decisão', diz o magistrado, ressaltando que o TJ pretende  abrir concurso público para servidores.
 TRT contrapõe e cobra solução
 Segundo o CNJ, a medida resultará em economia anual de R$ 100  milhões aos cofres públicos. Quatro Tribunais Regionais do Trabalho (TRT)  sofreram as novas regras que restringem contratações nos tribunais do país. A  redução mais drástica foi no TRT da 3ª Região (MG), com corte de 73% nas vagas  pretendidas. O tribunal pediu 753, mas o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)  aprovou 200 cargos.
 O presidente do TRT da 4ª Região, desembargador João Ghisleni  Filho, vê a decisão com preocupação. 'Ao adotar uma linha como essa, o CNJ teria  que apresentar outra solução', afirmou. Segundo o magistrado, em 2008 houve  aumento de 50% no número de recursos que ingressaram no TRT ante 2007.
 Para Ghisleni, no momento em que é incentivado o acesso à  Justiça para a população, 'o CNJ vê a situação de forma simplista'. Conforme o  presidente do TRT-RS, em 2006 a corte conseguiu a aprovação de 700 novos cargos,  que deverão ser implantados até 2009. 'O projeto recebeu parecer técnico  contrário do CNJ, mas conseguimos mantê-lo.'
 Ghisleni calcula que, em 2008, o tribunal supere a marca de 2  mil processos por juiz e teme que a medida do CNJ atrapalhe a eficiência dos  serviços. 'Estávamos julgando, em média, em 90 dias. Se continuar assim, isso  não será possível.' (Correio do Povo, 7/9/2008) 
 Mais servidores para a Justiça
 Um dia após o Senado ter aprovado, em sessão noturna, o projeto  de lei que autoriza a criação de 1.513 novos cargos no Poder Judiciário, o  presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Ferreira Mendes,  afirmou, em entrevista à imprensa, que teria se oposto à proposta caso tivesse  sido informado de sua inclusão na pauta de votação. A criação de mais cargos era  uma antiga reivindicação dos tribunais de segunda e terceira instâncias da  Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.
 O projeto, agora, está com o presidente da República e o  ministro Gilmar Ferreira Mendes, que também chefia o Conselho Nacional de  Justiça (CNJ), apresentou vários argumentos que justificam o veto. É a primeira  vez, na história do Poder Judiciário, que um de seus dirigentes se opõe à  ampliação do corpo de serventuários. Só no Superior Tribunal de Justiça (STJ)  foram criados 220 novos cargos, a um custo de R$ 13 milhões anuais.
 Contrariando os presidentes dos tribunais de segunda e terceira  instâncias, Mendes afirma que o problema do Poder Judiciário não decorre do  número insuficiente de servidores, mas de sua baixa produtividade. No Tribunal  Superior do Trabalho, por exemplo, a média é de apenas nove processos por  servidor. Desde que assumiu a presidência do Supremo e do CNJ, em abril, Mendes  vem defendendo a tese de que a Justiça não precisa de mais juízes, de mais  funcionários e de mais prédios para ser eficiente.
 "Precisamos é de mais racionalidade e criatividade", diz ele,  depois de criticar a expansão dos gastos da Justiça com atividades-meio, em  detrimento das atividades-fim. Mendes afirma que, enquanto faltam recursos para  melhorar o atendimento de cidadãos e empresas que batem na porta do Poder  Judiciário para defender seus direitos e resolver suas pendências, a instituição  desperdiça dinheiro com "aquisição de estátuas gregas" e com a decoração dos  gabinetes de juízes. "É preciso parar com a visão de que, quanto mais processos  forem impetrados, mais juízes serão necessários para julgá-los", afirma  Mendes.
 O presidente do CNJ e do Supremo também propõe cortes rigorosos  de despesas e defende a tese de que as diferentes instâncias e braços  especializados do Poder Judiciário terão de aprender a trabalhar com orçamento  mais enxuto. Em vez de aplicar recursos escassos na construção de novas sedes  nas capitais, conclui Mendes, os tribunais deveriam descentralizar suas  atividades, criando unidades mais simples e funcionais no interior.
 Além disso, há boas razões para se acreditar que a criação de  novos cargos será cada vez mais desnecessária daqui em diante. Uma delas foi a  aprovação da Emenda Constitucional nº 45, que introduziu a reforma do  Judiciário. Ao institucionalizar a súmula vinculante do STF e a súmula  impeditiva de recursos do STJ, ela criou as condições para que o número de ações  repetitivas e de recursos impetrados com fins meramente protelatórios caia  significativamente nos próximos anos, descongestionando os tribunais. E o "pacto  republicano" firmado pelos presidentes dos Três Poderes, em dezembro de 2004,  com o objetivo de modernizar a legislação processual, extinguindo recursos,  encurtando prazos, fundindo etapas processuais e acelerando a execução das  sentenças, reforça essa tendência. Com isso, a carga de trabalho da magistratura  deve cair a médio prazo, como prevêem os integrantes do CNJ.
 Mais uma novidade que justifica a expectativa de redução do  funcionalismo do Judiciário é o outro pacto que o governo acaba de propor aos  presidentes do Legislativo e do Judiciário, com o objetivo de agilizar a votação  do projeto de lei que permite que os conflitos de massa sejam encerrados em  câmaras ou comissões de conciliação. A idéia é expandir os mecanismos  extrajudiciais de resolução de litígios, uma medida que também provocará uma  significativa diminuição do número de ações em tramitação nas diferentes  instâncias e braços especializados da Justiça.
 Foi essa constatação que levou o presidente do CNJ e do  Supremo, numa iniciativa inédita, a afirmar que o Poder Judiciário não precisa  de mais servidores. (estadao.com.br - Opinião)